Como Michelle Obama chegou aos Óscares

Oscars 2013  

Como Michelle Obama chegou aos Óscares

A presença da primeira-dama dos Estados Unidos na cerimónia dos Óscares foi um acontecimento único preparado com duas semanas de antecedência. E prova que as relações entre Hollywood e a Casa Branca estão muito boas.

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A primeira-dama norte-americana apareceu na cerimónia dos Óscares através de uma ligação vídeo, entre o Teatro Dolby, em Los Angeles, e a sala diplomática da Casa Branca, em Washington. A presença de Michelle Obama aconteceu no momento decisivo da cerimónia e ficou associada à consagração de "Argo".

O ator Jack Nicholson introduziu Michelle Obama (ver vídeo cortesia Now This News). Num breve depoimento prestou homenagem a Hollywood, saudando os filmes "que ampliam a nossa visão e nos transportam para lugares que nunca imaginamos."

"Estes nove filmes levaram-nos para outros tempos e a viajar em redor do mundo", afirmou referindo-se aos nove candidatos ao Óscar de filme do ano. "Ensinaram-nos que o amor pode resistir contra todas as probabilidades e transformar as nossas vidas das formas mais surpreendentes. E lembram-nos que podemos vencer qualquer obstáculo, (...) e encontrar a coragem para acreditar em nós mesmos. "


Uma presença gerida secretamente duas semanas antes da gala

Este episódio que marcou a 85ª cerimónia dos Óscares lembra-nos que a relação entre Hollywood e a Casa Branca, a indústria do cinema e a classe política, é positiva.

A presença de Michelle Obama pode ser vista como uma forma de pagar uma dívida. Hollywood é uma fonte de financiamento das campanhas e no último ano, por exemplo, George Clooney - que também é premiado com o Oscar de melhor filme enquanto produtor "Argo"... - organizou uma gala de angariação de fundos que rendeu 15 milhões de dólares para suportar a campanha presidencial de Barack Obama.

Mas neste evento esteve envolvida outra figura influente no cinema. Segundo o The Hollywood Reporter (THR) apurou, a ideia da presença de Michelle Obama partiu da filha do produtor Harvey Weisntein.

O presidente da Academia Hawk Koch revelou ao THR que a ideia foi muito bem acolhida pelos produtores do espetáculo. Craig Zadan e Neil Meron obtiveram um resposta rápida da primeira-dama: "Sim, eu acho que é uma ótima ideia. Nós vemos muitos filmes na Casa Branca. Vamos fazê-lo!".

Duas semanas antes da cerimónia, Koch e os produtores viajaram num jato privado da Disney para Washington e anunciaram à equipa que estavam ausentes em Nova Iorque. A presença de Michelle Obama foi tratada como um segredo de Estado. Os produtores do espetáculo nunca incluiram este momento no guião com o alinhamento de emissão.

"O plano foi semelhante à missão da CIA no filme "Argo", disse Zadan.

Em Washington juntaram-se a Weinstein e à filha e reuniram-se com membros do gabinete da primeira-dama para acertar os detalhes. Escolharam a sala diplomática para cenário da apresentação e definiram, por sugestão dos produtores, que a Michelle Obama deveria surgir enquadrada pelos militares.

Com o consentimento da Casa Branca, Zadan e Meron abordaram Jack Nicholson, que aceitou imediatamente ser o apresentador de Obama.

Na transmissão via satélite, Obama recebe um envelope de Robert Moritz, presidente da PricewaterhouseCoopers, a empresa encarregada de gerir a votação e o apuramento dos premiados. Nicholson, que estava no palco do Teatro Dolby em Hollywood, tinha um segundo envelope com o nome do vencedor - uma medida destinada a prevenir uma eventual queda do sinal de ligação.

A administração Obama e os filmes dos Óscares 2013A primeira-dama fez da educação uma das prioridades, e sempre realçou a importância das artes no desenvolvimento das crianças. No dia 13 de fevereiro, Michelle Obama organizou uma sessão do filme "Bestas do Sul Selvagem", na Casa Branca, incluída num dia dedicado ao ensino da arte com a presença do realizador Benh Zeitlin.

A presidência não passou ao lado da corrida de melhor filme este ano. Barack Obama foi um dos primeiros a ver "Lincoln", numa sessão organizada na Casa Branca, em novembro. E o vice-presidente Joe Biden participou, com vários senadores, numa sessão sobre terapia mental com o realizador David O. Russell e o ator Bradley Cooper a propósito do filme "Guia Para Um Final Feliz".

"Argo", sobre a crise dos reféns norte-americanos em Teerão, em 1981, também foi exibido numa sessão privada na CIA. Menos clara é a relação do poder norte-americano com "00:30 Hora Negra", o filme de Katryn Bigelow sobre a operação que abateu Osama Bin Landen.

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publicado 20:58 - 26 fevereiro '13

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