28 Dez 2021 16:38

Em "007: Sem Tempo para Morrer", descobrimos Daniel Craig na sua quinta e derradeira encarnação como James Bond. E como sempre, há uma imagem de marca, aliás, um som de marca: o clássico tema de Monty Norman persiste no universo do mais famoso agente secreto.

 


É caso para dizer que Bond, James Bond, persiste também para lá das mudanças do respectivo actor. Mesmo sem querer fazer uma lista dos “melhores” e dos “piores”, é um facto que, em 2002, quando Pierce Brosnan surgiu em "Die Another Day/Morre Noutro Dia" (era o seu quarto título na pele de 007), sentia-se que o universo de Bond necessitava de algum sangue novo. Ou seja, indo directo ao assunto: quatro anos mais tarde, portanto em 2006, Daniel Craig estreava-se em "Casino Royale".
 


Com Eva Green em pose de Bond Girl e Mads Mikkelsen a preencher as funções de mau da fita, "Casino Royale" conservava o gosto da acção física, essencial a este género de filmes. Mas é um facto que, em "Casino Royale" e no filme seguinte, "Quantum of Solace" (2008), Daniel Craig fazia reviver aquilo que, em boa verdade, tinha faltado a Pierce Brosnan… levando-nos a lembrar um pouco de Sean Connery. Ou seja: uma dimensão dramática, intimista, misteriosa, porventura inseparável da ideia de que James Bond estava a envelhecer no imaginário popular. Até que ouvimos Adèle…
 

"Skyfall", a canção de Adèle, acompanhou a estreia no universo Bond de um realizador, convenhamos, algo inesperado: Sam Mendes. Foi em 2014, com um 007 ainda mais amargo, se tal era possível. E sobretudo com as chamadas cenas de acção a obedecerem a um conceito antigo, mais depurado — não são números "intercalados" para exibir proezas mais ou menos delirantes, antes nascem da história que se está a contar. E tudo isso desembocou naquele que me parece ser um dos melhores filmes de James Bond, a par de "Goldfinger" (1964), dos tempos heróicos de Sean Connery — ou seja, "Spectre" (2015).


Sam Mendes, pelo rigor da encenação, e Daniel Craig, através das nuances psicológicas que foi reavivando na personagem, criaram com "Spectre" um objecto realmente diferente em que as convenções obrigatórias deste tipo de espectáculo se combinam com uma tensão potencialmente trágica. Talvez por isso, a canção-tema, "Writing’s on the Wall", por Sam Smith, é uma das mais magoadas, e também mais românticas, de toda a história de 007.

  • cinemaxeditor
  • 28 Dez 2021 16:38

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