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Crise? Que Crise? (Um balanço do ano no box office)
No ano de todas as crises as audiências de cinema mantiveram-se estáveis. 2009 é uma incógnita sobretudo se pensarmos na habilidade que os peritos têm em acertar ao lado nas previsões económicas.
Nos Estados Unidos, o resultado final de 2008 ficou apenas quatro décimas abaixo do de 2007.
O total de receita bruta manteve-se assim por volta dos 9,6 mil milhões de dólares.
Na luta dos estúdios a vencedora foi a Warner Bros. que teve em “O Cavaleiro das Trevas” o seu melhor filme do ano.
A Paramount foi segunda. Apesar do menor impacto de “O Homem de Ferro” nos mercados internacionais, os sucessos globais de “Indiana Jones e a Caveira de Cristal” e de “O Panda do Kung Fu” permitiram à Paramount terminar 2008 como vice-líder.
Seguiram-se a Sony Pictures e depois a Disney e a Fox.
Entre as tendências que se confirmam está o aumento sempre crescente das receitas do mercado internacional em comparação com o mercado doméstico norte-americano.
Em muitos casos, é o dinheiro de outros países que salva projectos menos bem recebidos na origem.
Foi esse o caso da sequela de “A Múmia” que obteve 73% das vendas de bilhetes fora dos Estados Unidos.
Ou de “Mamma Mia!” com 74% de receitas vindas directamente da distribuição internacional.
Entre os dez filmes que mais dinheiro fizeram por todo o mundo, no ano de 2008, só “O Cavaleiro das Trevas” e “O Homem de Ferro” se portaram melhor na América do Norte.
Outra tendência é a diminuição no número de filmes produzidos.
A Walt Disney já começou a aplicar essa política no ano que terminou e, com a crescente dificuldade em obter financiamento, é mais que provável que outros sigam esse exemplo.
Pode muito bem ser que a crise afecte o cinema em 2009. Mas aparentemente, a indústria está a preparar boas armas para se defender.
A tecnologia digital e sobretudo o 3D são duas dessas armas.
Sequelas de séries conhecidas como “A Idade do Gelo” “Transformers” ou “Harry Potter”; novidades como “Anjos e Demónios”; o regresso de James Cameron com “Avatar” em 3D e ainda o novo projecto da Pixar com o título “Up” são boas razões para algum optimismo.
Em Portugal, no ano de 2008 venderam-se menos 616 mil bilhetes do que em 2007.
No entanto, é errado falar de crise e de queda no consumo de cinema. Não se registou uma quebra contínua ao longo do ano que permita retirar essa conclusão.
Os 600 e tal mil espectadores perderam-se em apenas dois meses: Abril e Junho. Em cada um deles a quebra rondou uns significativos 40%.
Nos outros meses houve crescimento ou quebras apenas marginais.
Ou seja, mais do que falta de público para ir ao cinema, nesses dois meses houve sim falta de filmes que atraíssem gente às salas. Basta conferir a lista de estreias para chegar a essa conclusão.
Assim que a programação melhorou, as receitas voltaram a subir.
por António Quintas
publicado 18:00 - 29 janeiro '09