17 Mai 2022 15:57

Uma estrela de Hollywood, Forest Whitaker, e uma comédia zombie do realizador de "O Artista" lançam o 75º Festival de Cinema de Cannes esta terça-feira à noite. um festival que é uma mistura de cinema e celebridades com a sombra da guerra na Ucrânia a pouca distância.

Pela manhã, a passadeira vermelha desta 75ª edição foi estendida nos famosos degraus que dão acesso ao Palácio dos Festivais, mesmo a tempo de receber as estrelas, a imprensa e o restante público, bem como os membros do júri, presidido pelo actor francês Vincent Lindon.

Este ano estarão presentes muitos influenciadores digitais, incluindo os da rede social TikTok, o novo parceiro do festival – mas sem acessao aos smartphones na passadeira vermelha, exigência da etiqueta do festival.

Às 19 horas (mais uma hora em Portugal), começa a cerimónia de abertura, presidida por Virginie Efira – que também aprecerá no ecrã na pele de sobrevivente a um ataque terrorista em "Revoir Paris". A actriz, antiga apresentadora de televisão, avisou na segunda-feira que "não deixaria de fazer as pessoas rir" durante o evento, que será transmitido na France 2 e online. "Vou tentar ser breve", prometeu ela.

Mas a estrela internacional da noite será Forest Whitaker.Aos 60 anos receberá uma Palma de Ouro por uma carreira marcada por um Óscar pela interpretação de Amin Dada, o ditador ugandês, em "O Último Rei da Escócia" (2007), ou pelo papel de um assassino em "Ghost Dog", de Jim Jarmusch (1999).

O actor americano, que também dirige uma instituição beneficente que combate a pobreza pelo mundo, é um frequentador habitual da Croisette, tendo ganho o prémio de melhor actor na edição de 1988 por "Bird" de Clint Eastwood.

Hazanavicius corta a direito

A atmosfera promete mudar radicalmente depois, com a exibição do filme de abertura, "Coupez!" de Michel Hazanavicius, uma paródia aos filmes de zombies que, ao mesmo tempo, valoriza quem trabalha nos bastidores da indústria cinematográfica e pretende ser uma declaração de amor a todo o cinema – mesmo aquele que é menos bem sucedido.

Algumas horas antes, os festivaleiros puderam voltar atrás no tempo e redescobrir "La Maman et la Putain", um dos filmes que fizeram de Cannes uma lenda, em 1973. Alguns amantes do cinema vão finalmente vê-lo pela primeira vez: meio século depois de ter causado um escândalo, esta grande obra da Nova Vaga, realizada por Jean Eustache ainda não tinha sido relançada e tornou-se difícil de ver devido a questões de direitos.

O filme foi agora restaurado, e dois dos seus intérpretes, Jean-Pierre Léaud e Françoise Lebrun, deverão assistir com emoção à projecção em Cannes, antes do relançamento nas salas de cinema francesas a 8 de Junho.

21 filmes em competição

Cannes, que termina a 28 de Maio, começa a sério na quarta-feira. A competição oficial abre com a exibição do último filme do realizador russo Kirill Serebrennikov, que rompeu com o regime. Poderá vir e defender o seu filme pessoalmente pela primeira vez.

O festival recusa acolher "funcionários russos, organismos governamentais, ou jornalistas representantes da linha oficial".

Mas "mostraremos um apoio absoluto e não negociável ao povo ucraniano", disse Thierry Frémaux, o delegado geral do festival, que selecionou vários filmes daquele país.

Na passadeira vermelha, as câmaras estarão apontadas ao novo filme "Top Gun" (fora de competição), com Tom Cruise e companhia presentes no festival.

Entre os realizadores que disputam a Palma de Ouro, Park Chan-wook ("Old Boy") regressa com uma investigação abafada ("Decision To Leave"), James Gray apresenta "Armageddon Time", com Anthony Hopkins e Anne Hathaway, enquanto outros, já vencedores, tentarão ganhar um novo troféu, incluindo os irmãos Dardenne com "Tori e Lokita" ou Ruben Östlund com "Triangle of Sadness".

  • AFP
  • 17 Mai 2022 15:57

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