De Roma para Veneza: Alfonso Cuarón voltou a México e ao seu festival preferido

A partir das rotinas de infância, o realizador Alfonso Cuaron faz um retrato de família no México, na década de 70. "Roma" foi é produção Netflix com ambição de conquistar prémios e chegar às salas de cinema.

O Festival de Veneza tem sido uma montra de sucesso para o cinema do mexicano Alfonso Cuarón, que venceu o prémio de argumento com o filme "E a Tua Mãe Também" (2001), e recebeu o prémio de cinema digital com "Gravidade" (2013), que viria a conquistar 7 Óscares da Academia.

Cuarón voltou ao festival com o primeiro filme que rodou no México em 18 anos, escolhendo Roma, um bairro da capital, como o local da ação .

O próprio realizador assume que se trata de um projecto de cunho mais pessoal, feito a partir de memórias, que retrata o período de cerca de um ano na vida de uma família burguesa e da empregada Cleo, enquanto o Mexico, passa por um terramoto e por convulsões sociais, com manifestações estudantis violentamente reprimidas.

No centro do filme estão a casa, os seus ocupantes, e o papel das mulheres no correr dos dias, enquanto zeladoras de uma certa tranquilidade familiar. Apesar do divórcio dos senhores da casa e de uma gravidez indesejada de Cleo, as rotinas não se alteram, como se nada pudesse perturbar o ambiente dentro de portas.

A harmonia que Cuarón tenta captar, pode no entanto, ser uma desvantagem para o filme, pela ausência de drama e conflito que reduzem a história a quase nada.

Visualmente, Alfonson Cuaron aposta nos detalhes, demorando-se em determinados planos e levando-nos a deambular habilmente pelos vários compartimentos da casa, como se estivesse a contar uma história em tempo real, e pela qual está notoriamente encantado.

A dimensão épica, os planos sequência prolongados, a fotografia a preto e branco, fazem de "Roma" um filme adquado para ser visto numa sala de cinema do que através da plataforma Netflix.

A polémica em torno da plataforma que tem procurado conquistar espaço nos festivais mais importantes da Europa, parece não perturbar a crítica, que coloca "Roma" entre os favoritos a vencer o Leão de Ouro.

Convém lembrar que nos últimos anos, Veneza tem mostrado alguns dos filmes consagrados nos Óscares. O último exemplo é "A Forma da Água", realizado pelo também mexicano Guilhermo Del Toro, que regressou ao festival este ano, na condição de presidente do júri.

por

Recomendamos: Veja mais Artigos de