Aaron Sorkin quando ganhou com

15 Jan 2016 0:59

Não, não se trata de dizer se seria "justo" ou "injusto" que ganhasse A, B ou C… Até prova em contrário, os Oscars são uma celebração do cinema, não um tribunal para ilibar "inocentes" e castigar "culpados" — a cinefilia é um valor que vale a pena continuar a praticar e defender.

Acontece que, não podendo "caber" todos nas nomeações, há ausências que pesam mais do que outras. E que, ao mesmo tempo, suscitam dúvidas curiosas. Aqui ficam cinco exemplos:
1 – De acordo com as novas regras, a categoria de melhor filme pode incluir até um máximo de 10 filmes; supostamente, tal regra foi criada para não "excluir" as produções de grande espectáculo — porquê, então, a ausência de "Star Wars: O Despertar da Força"?
2 – Experiência única no campo do documentarismo, combinando objectividade e confessionalismo, "Coração de Cão", de Laurie Anderson, não foi reconhecido — seria um dos exemplos mais puros das singularidades da produção independente.
3 – Steven Spielberg… Quem? Com mais de cinco títulos para o Oscar de melhor filme e apenas cinco lugares na categoria de melhor realização, há sempre quem fique de fora. Desta vez, Spielberg foi um deles, como se fosse possível conceber "A Ponte dos Espiões" como um trabalho anónimo de encenação.
4 – Confesso que é, para mim, um mistério: como é que as nomeações deixam a zero um filme como "The Walk/O Desafio", de Robert Zemeckis?… Aliás, a pergunta pode formular-se de modo mais conciso: como esquecer, nesse filme, o trabalho de Dariusz Wolski nas nomeações para melhor fotografia?
5 – Last but not least… Na categoria de melhor argumento adaptado, Aaron Sorkin (vencedor em 2011, com "A Rede Social") não surge nas nomeações. Na prática, foi esquecido (?) o mais legítimo herdeiro da tradição narrativa de nomes como Billy Wilder, Preston Sturges ou Paddye Chaeyfsky.
* * * * *
De uma maneira ou de outra, não simplifiquemos. Ou seja: o leque de nomeações da Academia de Hollywood consegue gerar um forte e sedutor efeito de diversidade — e é bom que o cinema americano não se deixe afogar nos lugares-comuns dos efeitos especiais.
Feitas as contas, creio que não ficaremos chocados se, finalmente, Leonardo DiCaprio levar para casa uma elegante estatueta dourada — a sua primeira nomeação, para melhor actor secundário, foi com "Gilbert Grape" (1993), de Lasse Hallström. Além do mais, o genial Michael Fassbender ("Steve Jobs") não levará a mal.
  • cinemaxeditor
  • 15 Jan 2016 0:59

+ conteúdos