joao lopes
6 Nov 2016 0:09

Através de títulos como "Kinatay" ou "Lola" (ambos de 2009), o filipino Brillante Mendoza tem colocado o seu país no mapa internacional do cinema, nomeadamente através de emblemáticas presenças em grandes festivais — "Kinatay", por exemplo, valeu-lhe o prémio de melhor realizador em Cannes.

Agora, podemos reencontrar o seu trabalho, sempre a meio caminho entre documentário e ficção, através de "Katlub", uma realização de 2015 que dá conta da devastação gerada pela passagem do tufão Haiyan, em 2013.
O filme estava para ser, precisamente, um documentário puro, dando conta da destruição de vidas e habitações — e, em particular, da resistência dos sobreviventes. O certo é que Mendoza preferiu criar uma teia narrativa de calculada ambiguidade, em que a constatação dos estragos vai a par de uma ficção construída com actores.
Nora Aunor, a intérprete principal, assume a personagem de uma mulher que, através de análises de ADN, tenta perceber se os seus filhos estão, ou não, entre os muitos cadáveres. O resultado é um filme que surpreende pela crueza do testemunho, tanto quanto pela vibração emocional das relações humanas — um bom exemplo da vitalidade contemporânea do(s) realismo(s).

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