joao lopes
19 Nov 2017 2:50

Os actores a correr atrás das ilusões digitais, os cenários a desaparecerem em segundos e muitos ruídos na banda sonora… Onde é que já vimos isto? Na última década, quase sempre que um "blockbuster" volta a ocupar uma enorme fatia do parque de exibição. O que está, então, em causa? Os filmes? Os seus super-heróis?

Na verdade, o que está em causa é algo anterior a tudo isso. Há filmes que deixaram de ser pensados pelos criativos, limitando-se a concretizar — sobretudo através de uma cada vez mais gratuita ostentação tecnológica — os conceitos de marketing das respectivas estruturas de produção. "Liga da Justiça" é apenas mais um novo exemplo nessa evolução (?) que corre o risco de decompor os valores clássicos de Hollywood, por dentro.
Convenhamos que a intenção de partida era, pelo menos, sugestiva. Dito de outro modo: a DC Comics reúne, aqui, algumas das suas principais personagens, de Batman a Aquaman, inevitavelmente passando por Super-Homem — este renascido de  "Batman v. Super-Homem: O Despertar da Justiça" (2016), dirigido, tal como o novo filme, por Zack Snyder —, sem esquecer Wonder Woman, Flash e Cyborg.
Infelizmente, a banalidade do trabalho de argumento, a embaraçosa mediocridade dos diálogos e a vulgaridade dos efeitos visuais (e sonoros!) definem os limites de um projecto que parece resultar apenas de uma decisão executiva. Dito de outro modo: a DC Comics tenta conquistar terreno à Marvel que, com muitas das suas produções, tem liderado este segmento do mercado. Resta saber quando uns e outros vão acertar as contas de secretaria e começar a pensar em cinema.

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