Imaginando um mundo de robots...

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Imaginando um mundo de robots...

É pena que "Os Substitutos" se apresente tão dependente das convenções do "filme de acção": na sua base está uma sugestiva história de seres humanos literalmente substituídos por robots

Baseado numa BD da autoria de Robert Venditti (texto) e Brett Weldele (desenho), "Os Substitutos" (título original: "Surrogates") é um filme curioso e simpático que deixa uma sensação amarga de desilusão: dir-se-ia que a realização de Jonathan Mostow foi condenada a oscilar entre a exploração de uma sugestiva história de ficção científica e a "obrigação" de garantir as convenções de um "filme-de-acção" protagonizado por Bruce Willis.

É pena, porque esta história de um mundo de robots que, de facto, substituem as pessoas merecia um tratamento mais rigoroso e, por assim dizer, menos espalhafatoso. Por aqui passa, afinal, um tema nuclear da tradição da ficção científica (escrita ou filmada): os robots que, mais do que auxiliarem os humanos, tendem a ocupar os seus lugares, funções e, no limite, as respectivas formas de poder.

Além do mais, "Os Substitutos" coloca em cena uma espécie de fantasma sociológico do nosso viver contemporâneo. Repare-se que o contraponto de um quotidiano de "robots-substitutos" é uma privacidade completamente fechada: as personagens humanas já não saiem de casa, limitando-se a receber, por circuitos mais ou menos complexos, as informações provenientes da vida que vivem lá fora, mas apenas por delegação...

A frase do cartaz americano é, aliás, perturbantemente sugestiva: "Como salvar a humanidade quando a única coisa real és tu?".


OS SUBSTITUTOS

De Jonathan Mostow
com Bruce Willis, Radha Mitchell, Rosamund Pike
Acção, Ficção Científica, Thriller
104m
M/12
ESTÓNIA
2009

                          
>Ouça a crítica de João Lopes


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