Estreias
Julianne Moore num filme à deriva
Encenando uma acção de guerrilha que gera reféns, "Bel Canto" centra-se na personagem de uma cantora lírica interpretada por Julianne Moore — há muito tempo que não se via tanto talento tão desastradamente desperdiçado.
Ken Watanabe e Julianne Moore — um elenco vencido por vulgaridades dramáticas
Trailer/Cartaz/Sinopse:
Bel Canto
Baseado no best-seller de Ann Patchett, BEL CANTO é uma dramática história de amor centrada numa famosa soprano (Julianne Moore), que viaja à América do Sul para dar um concerto privado numa festa de um magnata industrial japonês (Ken Watanabe). No auge da reunião de diplomatas e políticos, a mansão é assaltada por um grupo rebelde armado que exige a libertação dos seus camaradas presos. São ...
Há filmes maus que nascem de atribulações mais ou menos detectáveis e compreensíveis — tudo correu mal, desde a concepção original ao trabalho de rodagem... Acontece. Mas há filmes maus que instalam no espectador uma sensação perturbante e, de alguma maneira, embaraçosa — dir-se-ia que, entre os envolvidos, ninguém desejou que aquele filme acontecesse...
"Bel Canto", realizado por Paul Weitz, com Julianne Moore no papel central, é um desses filmes. A sua mediocridade é tanto mais surpreendente quanto, para além de Moore, actriz de invulgar talento ("oscarizada" em 2015, com "O Meu Nome É Alice"), encontramos um diversificado elenco internacional em que figuram, por exemplo, o japonês Ken Watanabe ("Cartas de Iwo Jima") e o alemão Sebastian Koch ("As Vidas dos Outros").
Esta é a história de uma situação de reféns, gerada pela acção de um grupo guerrilheiro, algures na América do Sul. Moore interpreta uma cantora lírica que se vê envolvida em tal situação, sendo, desde logo, penoso assistir ao péssimo playback (a partir de registos de Renée Fleming) a que actriz se obriga... ou é obrigada.
Da definição psicológica das personagens à simples gestão dramática do espaço, passando pela desastrada direcção de actores, "Bel Canto" parece ter sido executado por uma equipa de (maus) amadores, serenamente à deriva. Enfim, uma crise cíclica que ameaça o cinema é esta: destruir os talentos que foram mobilizados para uma determinada produção — os resultados são de uma tristeza infinita.
Crítica de João Lopes
actualizado às 00:53 - 11 novembro '18
publicado 00:49 - 11 novembro '18