Julianne Moore dirigida por Todd Haynes — nomeada para o Oscar de melhor actriz

17 Mar 2016 17:08

No actual cinema americano, de Hollywood ou dos circuitos independentes, Todd Haynes é um dos autores a manter uma relação mais directa e, sobretudo, mais genuína, com o melodrama clássico que teve em Douglas Sirk uma fundamental referência. Assim o demonstra o seu filme "Carol" (que teve algum protagonismo na corrida aos Oscars, mesmo se acabou por não vencer em nenhuma categoria); assim o demonstrava um outro, "Longe do Paraíso", lançado em 2002.

"Longe do Paraíso" é a história de uma relação impossível — socialmente impossível, entenda-se. Tal como "Carol", a acção decorre em meados da década de 1950, numa classe média marcada pelas utopias da felicidade e do consumo do pós-guerra. Mas a relação de uma dona de casa com o seu jardineiro vai baralhar todos os dados — ele é negro, ela é branca.



Colocarmos o cinema de Todd Haynes na prateleira da crónica social é fácil e é, acima de tudo, redutor. Para ele, não se trata tanto de expor as contradições de um mundo iludido com as suas própria miragens éticas e estéticas, mas sim de trazer para a linha da frente aquilo que, por princípio, é recalcado. O cartaz oficial do filme tinha uma bela pergunta: afinal, “o que é que aprisiona os desejos do coração”?

Ainda hoje, mais de uma década passada sobre o seu lançamento, "Longe do Paraíso" é um dos mais esquecidos grandes filmes americanos do séc. XXI. Para a história, registe-se que teve quatro nomeações para os Oscars: Julianne Moore (melhor actriz), Todd Haynes (melhor argumento original), Edward Lachman (melhor fotografia) e Elmer Bernstein (melhor música) — para a história também, não ganhou nada. Enfim, não se pode ter tudo…

  • cinemaxeditor
  • 17 Mar 2016 17:08

+ conteúdos