17 Jul 2017 13:35

O norte-americano George A. Romero, realizador do filme de culto "A Noite dos Mortos Vivos" que relançou os os zombies como sub-género do cinema de terror, morreu domingo aos 77 anos, anunciou a sua agente.

"O lendário realizador George A. Romero morreu domingo, 16 de julho, enquanto ouvia a banda sonora de "O Homem Tranquilo", de John Ford, um dos seus filmes favoritos," disse Chris Roe num comunicado.

"Morreu pacificamente durante o sono depois de uma breve mas determinada luta contra um cancro no pulmão, deixando para trás uma família amorosa, muitos amigos e um legado cinematográfico que persistiu e continua a persistir através do tempo", refere o mesmo comunicado.

Filmado a preto e branco, com um orçamento de pouco mais de cem mil dólares e atores desconhecidos, "A Noite dos Mortos Vivos", lançado em 1968, relata o assalto a uma quinta isolada por uma horda de mortos que saíram das suas sepulturas, como resultado de uma mutação.

Com a sua estética "gore", será mais tarde considerado uma crítica subversiva à sociedade americana na década de 1960, jogando com os temores de uma era marcada pela Guerra do Vietname, a corrida ao armamento e o fascínio pelos OVNI.

O filme tornou-se um clássico e rendeu para cima de 30 milhões de dólares em todo o mundo. O realizador reconheceu depois ter-se inspirado no romance de ficção científica "Eu Sou a Lenda", de Richard Matheson, publicado em 1954.

"Comecei algo de que nunca mais consegui fugir. Do qual nunca quis escapar!" confidenciou Romero nas notas de produção de "Terra dos Mortos", lançado em 2005 e que faz parte da sua saga dedicada a mortos-vivos.

Nascido em 1940, de pai cubano e mãe de ascendência lituana, alimentou-se deste tenra idade de comics e filmes de terror.

Veio a especializar-se na realização de filmes entre o horror, o fantástico e a comédia macabra como "Creepshow"(1982), ou "Knightriders"(1981), que retratava as aventuras de um grupo de motociclistas.

"A Noite dos Mortos Vivos" deu à luz a um novo gênero, indispensável em Hollywood, com os zombies a invadirem depois o mundo dos jogos de vídeo e das séries de televisão.

Após o anúncio da sua morte, multiplicaram-se os tributos. "É triste saber que morreu o meu colaborador e amigo de longa data, George Romero morreu. George, nunca haverá outro como você", afirmou o escritor Stephen King, mestre do romance de horror, na rede social Twitter.

O realizador Eli Roth elogiou George A. Romero por ter "enfrentado o racismo há 50 anos", confiando o papel principal de "A Noite dos Mortos Vivos" ao ator afroamericano Duane Jones.

"Romero morreu. É difícil encontrar palavras, neste momento. É uma perda enorme", lamentou o mexicano Guillermo del Toro, realizador de "Pacific Rim" e "O Labirinto do Fauno".

"Cada filme da saga reflete, na sua própria maneira, o clima social e político da época. Se as histórias que conto são realmente muito semelhantes, umas às outras, elas acabam por fazer sentido no contexto em que estão localizadas, num mundo e numa sociedade em mudança ao longo de várias décadas", explicou George A. Romero.

Em 1999, "A Noite dos Mortos Vivos" foi adicionada ao Registo Nacional de Filmes dos EUA, que inclui trabalhos considerados "culturalmente, historicamente, ou esteticamente significantes."

  • CINEMAX com AFP
  • 17 Jul 2017 13:35

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