Robert De Niro e Dustin Hoffman — uma comédia sobre os bastidores da política

5 Dez 2015 22:43

O novo filme de David Gordon Green, "Profissionais da Crise", lembra-nos, ou melhor, relembra-nos que a política nunca foi estranha à encenação, ao espectáculo, numa palavra, ao marketing. Mesmo quando (ou sobretudo quando) há um candidato em apuros para garantir a pureza da sua imagem — era esse o tema do magnífico "Wag the Dog", entre nós chamado "Manobras na Casa Branca".

É, de facto, uma Casa Branca envolvida em manobras muito pouco ortodoxas: o Presidente dos EUA está ameaçado por um escândalo sexual e os estrategas da Casa Branca convocam mesmo um produtor de Hollywood para criar alguma ficção mediática capaz de encobrir o escândalo. Por vezes, julga-se que "Manobras na Casa Branca" é um reflexo do escândalo de Bill Clinton com Monica Lewinsky — mas não, o filme estreou antes… no Natal de 1997.



Robert De Niro e Dustin Hoffman são dois dos nomes principais de um filme que, afinal, retoma a grande e nobre tradição liberal de Hollywood. Escrito por David Mamet e Hilary Henkin, com realização de Barry Levinson, "Manobras na Casa Branca" mostra como o cinema pode estar do lado da consciência crítica da política, expondo as ilusões e imposturas do seu próprio teatro.

A música do filme tem assinatura de Mark Knopfler — e o menos que se pode dizer é que a sua aparente ligeireza joga bem com o espírito de um filme em que as fronteiras entre verdade e mentira são encaradas de modo, no mínimo, frívolo. Por isso mesmo, na banda sonora encontramos momentos de insólita ironia, como seja a inclusão do clássico “Thank Heaven for Little Girls” do clássico "Gigi", realizado em 1958 por Vincente Minnelli — canta Maurice Chevalier.

 
  • cinemaxeditor
  • 5 Dez 2015 22:43

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