Crítica: A MINHA SEMANA COM MARILYN
Marilyn, Olivier e Clark: afinal havia outro...
O drama sobre a rodagem de "O Príncipe e a Corista" não favorece um retrato consistente das suas estrelas principais.
Marilyn por Michelle Williams: uma pose irrepreensível e uma composição estereotipada.
Trailer/Cartaz/Sinopse:
A Minha Semana com Marilyn
O filme é inspirado no livro escrito por Colin Clark, "The Prince, The Show Girl and Me: Six Month on the Set with Marilyn and Olivier". Clark conta como foi viver com a atriz quando ela e Laurence Olivier (Kenneth Branagh) filmavam '"O Príncipe e a Corista" (1957).
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Quem vemos nesta foto? Marilyn Monroe ou a sua projeção através da composiçao da atriz Michelle Williams? Essa é a questão decisiva do drama biográfico "A Minha Semana com Marilyn", centrado na relação entre Marilyn (Michelle Williams) e o ator Laurence Olivier (Kenneth Branagh), durante a rodagem de "O Príncipe e a Corista" nos estúdios londrinos de Pinewood, em 1957.
A relação entre os dois atores, no decorrer dessa filmagem, ficou marcada por divergências artísticas, algo que sabemos através do relato de Colin Clark (Eddie Redmayne), o terceiro assistente de produção
de "O Príncipe e a Corista".
Clark foi uma figura central nessa estadia de Marilyn em Londres, servindo de cicerone na cidade e introduzindo-a no estilo de
vida britânico. Graças a esse convívio e à proximidade que mantiverem ele tornou-se intímo da atriz e, supostamente, detetou as inseguranças, as
fraquezas e a sua enorme dificuldade em lidar com a fama.
"A Minha Semana com Marilyn" tem um argumento de Adrian Hodges baseado nos dois livros autobiográficos de
Colin Clark. O drama biográfico tenta mostrar as particularidades da produção do filme e erguer um retrato psicológico da diva do cinema.
O filme peca por não ter corpo dramático que sustente o desconforto que Marilyn terá sentido durante a rodagem e a estadia em Londres. Vemos as diferenças de estilo em relação a Laurence Olivier, o mais nobre dos atores britânicos da época, a dificuldade que terá sentido em adequar-se ao papel e à produção, a dependência da sua assistente, a perturbação provocada pela ausência súbita de Arthur Miller, o seu marido... mas tudo isso é abordado de forma episódica, num registo caricatural pouco interessante.
Esta lacuna não favorece o desafio de Michelle Williams, que nunca chega a construir uma personagem consistente. Williams capta a voz sussurrada, algumas expressões e trejeitos. Aproxima-se da doçura e fragilidade da sua personagem, copiando-lhe a pose (exemplar na fotografia que vemos em cima), mas nunca consegue uma verdadeira composição. Não vai além dos estereótipos associados ao comportamento infantil, exibicionista e neurótico de Marilyn Monroe.
O papel era dificil e tornou-se mais ingrato devido a estas fragilidades. Curiosamente, a personagem que sobressai, que adquire corpo autónomo, é a de Colin Clark, o assistente de produção que ganhou o seu papel na história do cinema enquanto parceiro de Marilyn durante esta estadia em Londres. Afinal havia outro...
Crítica de Tiago Alves
publicado 23:39 - 17 janeiro '12