12 Ago 2014 2:59

Face à notícia brusca da morte de Robin Williams, o mínimo que podemos dizer é que, desde finais da década de 1970, ele deixou na produção cinematográfica americana uma impressionante diversidade — da comédia mais delirante ao puro drama, passando pelos desenhos animados, Williams cumpriu uma carreira, cheia de altos e baixos, é certo, mas marcada por uma espantosa versatilidade.

Em poucos anos, conseguiu três nomeações para o Oscar de melhor actor, com "Bom Dia, Vietname" (1987), de Barry Levinson, "O Clube dos Poetas Mortos" (1989), de Peter Weir, e "O Rei Pescador" (1991), de Terry Gilliam. Com alguma ironia, iria ser um papel secundário a consagrá-lo com um estatueta dourada: foi em "O Bom Rebelde" (1997), de Gus van Sant, compondo um psiquiatra que acompanhava a personagem interpretada por Matt Damon — eis o seu discurso de agradecimento, a 23 de Março de 1998.

Por vezes, a trajectória de Williams pareceu ilustrar uma ânsia de afirmação que o levou, afinal, a aceitar projectos francamente menores. O certo é que, mesmo com títulos dispensáveis — incluindo alguns monumentais falhanços comerciais, como "Toys – Fabricante de Sonhos" (2002), de Barry Levinson —, deixou uma colecção de composições que foram da recriação carnal do desenho animado, em "Popeye" (1980), de Robert Altman, até à personagem do Presidente Dwight Eisenhower, em "O Mordomo" (2013), de Lee Daniels.

Admirámo-lo, assim, no drama psicológico "Despertares" (1990), de Penny Marshall, no mundo fantástico de "Hook" (1991), de Steven Spielberg, na figura do Génio em "Aladino" (1992), animação dos estúdios Disney, na comédia de costumes "Casa de Doidas" (1996), de Mike Nichols, ou ainda na farsa "As Faces de Harry" (1997), de Woody Allen.
Um dos seus maiores sucessos foi "Mrs. Doubtfire/Papá para Sempre" (1993), de Chris Columbus, em que forçava o seu gosto de transfiguração a uma prova extrema, interpretando a personagem de um actor que, na sequência de um divórcio conflituoso, se disfarçava de criada para poder trabalhar na casa em que viviam os filhos. Recentemente, tinha sido divulgado o projecto de um "Mrs. Doubtfire 2", reunindo de novo Williams e o realizador Columbus — essa renovada transfiguração ficará, para sempre, adiada.
  • cinemaxeditor
  • 12 Ago 2014 2:59

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