"Transformers 3" quer fazer regressar o entusiasmo pelo 3D.
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Michael Bay pede mais luz para "Transformers 3"
O realizador e a Paramount estão a exercer enorme pressão para reabilitar o 3D e pôr fim à quebra nas receitas provenientes da nova tecnologia.
Michael Bay escreveu uma carta aos projeccionistas a pedir maior intensidade luminosa quando da exibição das cópias em 3-D de "Transformers 3". No seu blog pessoal, Bay deixou outra nota, desta vez dirigida aos fãs dos "Transformers", a agradecer a oportunidade que teve para dirigir a segunda sequela da saga e a apelar para que vejam o novo filme em três dimensões. Mais uma vez a ênfase é colocada na excelência dos efeitos visuais e no facto de o filme ter sido pensado de raiz para o 3-D.
"Dark of the Moon" tem algumas das sequências tecnicamente mais desafiantes alguma vez filmadas. E foram filmadas em 3D. Peço-vos que escolham o melhor cinema e que vejam o filme neste formato."
Logo a seguir, reforça:
"Este filme foi planeado com o 3D em mente, não o oposto. Estou contente por Jim Cameron e Steven Spielberg me terem convencido a filmar nesta nova tecnologia. Utilizámos e inventámos muitas técnicas inovadoras de forma a aumentar a definição, o brilho e o contraste das cores do 3D. Creio que os proprietários das salas de cinema ouviram o público acerca da necessidade de respeitar as especificações do equipamento e evitar diminuir a intensidade de luz da projecção para poupar dinheiro.
Estes textos do realizador juntam-se a chamadas telefónicas para os directores das maiores cadeias de cinemas nos Estados Unidos a solicitar o mesmo: dêem mais luz à projecção de "Transformers 3".
Este pedido traz para a ribalta um problema comum a muitas salas de cinema. As lâmpadas que transmitem luz para o ecrã têm um tempo de vida limitado. Para diminuir custos é normal que as salas recorram a dois expedientes: diminuir a intensidade da luz e manter a lâmpada em funcionamento por períodos superiores aos recomendados pelo fabricante. Se num filme em 2D a redução é menos perceptível, no 3D as lentes dos óculos escurecem bastante a imagem e tornam-se a causa de uma das queixas mais frequentes por parte dos espectadores.
Questão importante: estarão a salas dispostas a fazer a vontade a Michael Bay?
Entretanto, o estúdio também não tem parado de exercer pressão. Além de forçar ao máximo a colocação de cópias em três dimensões, a Paramount - que distribui o filme para a Dreamworks - só permitiu a utilização de cópias em 3D nas sessões antes da data de estreia. Mais ainda, o contracto de exibição obriga a um mínimo de quatro semanas em cartaz para as cópias 3D. O interesse aqui é tanto de salvar a face da nova tecnologia como dar uma facadinha nas costas das concorrência. Em complexos que só tenham um ecrã 3D a imposição da Paramount irá bloquear a carreira das estreias seguintes: "Carros 2" e "Harry Potter e os Talismãs da Morte - Parte II".
Glória e apogeu de uma nova tecnologia
Vale a pena recuar um pouco e sistematizar o que tem sido este ressurgimento do 3D nas salas de cinema. Relembramos o entusiasmo em redor de "Avatar". Os excelentes resultados e as inovações técnicas do filme de James Cameron trouxeram consigo um problema: a fasquia ficou colocada demasiado alto para os restantes.
Logo a seguir a indústria encarregou-se de destruir grande parte do capital de boa vontade conseguido. A ânsia de capitalizar o sucesso de "Avatar" levou à estreia de duas adaptações directamente do 2D. Se em "Alice no País das Maravilhas" de Tim Burton a qualidade do filme em si disfarçou o pouco que o 3D trouxe ao espectador, com "Confronto de Titãs" o escândalo rebentou. O filme falhou na bilheteira e choveram críticas sobre a fraca qualidade da adaptação.
Consequência mais visível de forma imediata: A primeira parte de "Harry Potter e os Talismãs da Morte" viu a passagem para 3D suspensa após a má publicidade dos "Titãs".
Próximo passo, as campanhas de marketing passaram a incorporar a referência "True 3D" para distinguir os projectos feitos de origem das meras adaptações oportunistas.
Durante algum tempo a situação manteve-se estável, mas aos poucos a percentagem de receitas provenientes do 3D nos Estados Unidos começou a cair dos 60-75% habituais para uns alarmantes 45% ou menos. O ponto mais baixo chegou recentemente com "Green Lantern" e "O Panda do Kung Fu 2".
A situação nos mercados internacionais ainda não é tão grave como na América do Norte, mas a preocupação já é grande, como mostra esta ofensiva de relações públicas da Paramount para proteger "Transformers 3". Será o filme de Michael Bay a injecção de vitalidade de que um executivo do estúdio falava numa entrevista?
Fonte: michaelbay.com, Deadline Hollywood, New York Times
por António Quintas
publicado 00:13 - 27 junho '11