Obituário  

Foi um dos nomes mais populares da cinematografia húngara, em especial durante as décadas de 1960/70 — Miklós Jancsó faleceu em Budapeste, contava 92 anos de idade.

Crítica recomendada:

Estreia

Uma estética da solidão Béla Tarr é, não apenas um nome fundamental do cinema húngaro, mas também de toda a produção europeia das últimas décadas: com esse filme ...

Nome central na história do cinema húngaro do último meio século, Miklós Jancsó faleceu em Budapeste, no dia 31 de Janeiro — contava 92 anos.

Tendo em conta o funcionamento dos mercados, será um nome quase desconhecido dos espectadores mais jovens. O certo é que Jancsó chegou a ser um dos mais divulgados e discutidos cineastas europeus (inclusive no mercado português), sobretudo através dos seus filmes das décadas de 60/70, quase sempre combinando a evocação histórica com uma monumentalidade altamente coreografada e apoiada em longos planos-sequência.

Revisitando uma revolta camponesa em finais do séc. XIX, "O Salmo Vermelho" (1972) valeu-lhe o prémio de realização no Festival de Cannes, acabando por se transformar no seu trabalho mais popular. Na sua filmografia de várias dezenas de títulos (ficção e documentário), podemos destacar ainda "Vermelhos e Brancos" (1968), "Agnus Dei" (1971) ou "Vícios Privados, Públicas Virtudes" (1976).

O simbolismo de muitos dos seus filmes envolve uma atitude de resistência ao poder no tempo do regime comunista; por vezes, a sua elaboração valeu-lhe também o ser acusado de alguns excessos formalistas. Seja como for, a sua visão alheia a determinismos psicológicos, sempre apoiada no gosto do experimentalismo estético, confere-lhe o estatuto de mestre da cinematografia húngara — hoje em dia, Béla Tarr (autor de "O Cavalo de Turim") será um dos seus mais legítimos herdeiros.