Obituário
Morreu Jackie Cooper, o "Rapaz da América"
A alcunha ficou desde que se transformou no mais jovem actor nomeado para o Oscar num papel principal. Jackie também teve reconhecimento público em "Super-Homem". Morreu terça-feira, em Los Angeles. Tinha 87 anos.
Às vezes acordava a meio da noite, ao som de uma voz familiar. A mulher adormecia com os filmes de Jackie, muito novo, ainda, a correr no vídeo. O actor recordava então os diálogos, os cenários, mas havia sempre alguma coisa no filme de que não se lembrava. "É que havia alturas, sobretudo durante a adolescência" - contava Jackie Cooper - " em que andava terrivelmente ocupado a brincar, com o meu barco, o meu carro, ou a inventar um circuito de rodeios".
Jackie Cooper parecia aceitar a sua infância passada em estúdios de cinema, a trabalhar, enquanto os outros miúdos brincavam, mas não deixou que os seus quatros filhos tivessem a mesma sorte. O actor conseguiu evitar que o filho mais velho, ainda criança, assinasse um contracto com a MGM. "Não é forma de se crescer", dizia. E nenhum dos seus descendentes foi actor.
Jackie começara a fazer pequenos papéis, em filmes, com sete anos. Com um pai produtor de espectáculos, uma mãe pianista e um tio realizador de cinema, Jackie foi facilmente absorvido por uma indústria florescente, nas décadas de 30 e de 40, àvida de talentos, quanto mais pequenos melhor, mandava a concorrência estreita entre Estúdios.
E aos 9 anos de idade, Jackie tinha entrado em mais de uma dezena e meia de pequenos filmes infantis, quando o tio realizador, Norman Taurog, o dirigiu em "Proezas de Skippy" (1931). Jackie encarnava o filho traquinas de um médico abastado, "Skippy", que conhece um rapaz pobre, da mesma idade, Sooky. Os dois envolvem-se em várias peripécias para salvar o cão de Sooky das garras de um malvado apanhador de cães.
Valeu-lhe uma nomeação para o Oscar de melhor actor principal, que ficou na história do cinema norte-americano, por ter sido o mais jovem actor de sempre a ser nomeado para tal prémio.
Não chegou a receber nenhum Oscar mas ganhou quatro Emmy, ao longo das décadas de 60 e 70.
Foi nas década de 70 que voltou a ter reconhecimento como "Perry White", dirigindo o jornal Daily Planet, nos primeiros quatro filmes de "Super-Homem". Depois disso, Cooper afastou-se do cinema. Dizia que tinha, na altura, 67 anos e 64 de trabalho.
Jackie Cooper era o "Rapaz da América", pela sua precocidade como estrela de cinema, mas também pelos serviços prestados à aviação naval norte-americana, à qual esteve ligado durante grande parte da vida dele.
O actor estava internado, há alguns dias, numa clínica de repouso de Los Angeles. O advogado do actor, Roger Licht, informou que ele morreu terça-feira, "de velhice". Jackie Cooper completaria em Setembro, no dia 15, 88 anos.