Ralph Fiennes vivendo o cruel

26 Mai 2018 13:53

Com o filme “Ready Player One”, Steven Spielberg relançou um dos temas mais prementes — e também mais inquietantes — da vida contemporânea das imagens. Ou seja: o desenvolvimento da realidade virtual. Em boa verdade, não é (ainda não é) um tema muito frequente no cinema. Um dos filmes pioneiros na sua abordagem tem assinatura de Kathryn Bigelow — chamou-se entre nós “Estranhos Prazeres”.

Ralph Fiennes, Juliette Lewis e Angela Bassett são intérpretes principais do filme, com a acção a desenvolver-se num cenário futurista, mais precisamente nos dias finais de 1999, quando o mundo enfrentava o pânico do apocalipse que chegaria com o ano 2000. Por isso, importa precisar: é um filme futurista porque se estreou em… 1995.


A personagem interpretada por Ralph Fiennes promovia uma droga tecnológica (ou uma tecnologia em forma de droga) que prometia os êxtases de uma realidade alternativa, virtual, para além das atribulações da consciência humana. O tempo futuro de “Estranhos Prazeres” tinha qualquer coisa de utópico, mas também dantesco, que passava muitas vezes pela sedução ambígua da música — na banda sonora coexistiam, entre outros, Marilyn Manson, Bob Marley e Leonard Cohen.

As canções eram mesmo um elemento essencial para definir as paisagens assombradas de “Estranhos Prazeres” — como se estivéssemos a assistir a um musical de fantasmas em que os seres humanos enfrentam as zonas mais sombrias das suas identidades e dos seus desejos. Chamava-se no original “Strange Days”. E não era só porque eram realmente dias muito estranhos — é que na banda sonora estavam os Doors a cantar, precisamente, “Strange Days”.

 

  • cinemaxeditor
  • 26 Mai 2018 13:53

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