Roger Ebert: crítico de cinema do "Chicago Sun-Times", de 1967 até à sua morte
Obituário
Na morte de Roger Ebert
Durante mais de quatro décadas, foi uma figura de referência da crítica cinematográfica nos EUA, exprimindo-se tanto na imprensa escrita como através da Internet: Roger Ebert faleceu aos 70 anos.
Não precisávamos de estar de acordo com Rogert Ebert para o admirarmos: o seu trabalho como crítico de cinema impunha-se, antes de tudo o mais, pelo gosto genuinamente cinéfilo que o orientava. Com a sua morte, no dia 4 de Abril, aos 70 anos, vitimado por cancro da tiróide, desaparece uma figura que, nos EUA, conseguiu fazer a ponte entre o gosto popular do cinema e a exigência pedagógica de pensar os filmes, a sua dramaturgia e as suas incidências sociais.
A figura de Ebert tornou-se conhecida dos espectadores americanos, antes de tudo o mais através do programa televisivo "Sneak Previews" (PBS). Com o seu colega Gene Siskel (1946-1999), que o acompanhou no período 1975-1982, a dupla popularizou um sistema de votação que tinha o seu clímax quando um filme suscitava "two thumbs up", ou seja, "dois polegares ao alto", significando o entusiasmo de ambos os críticos.
Em todo o caso, a mais longa tribuna de Ebert foi na imprensa escrita, mais precisamente no "Chicago Sun-Times", desde 1967 até à sua morte. Através de um trabalho sistemático de atenção à actualidade cinematográfica, Ebert publicava análises de mais de duas centenas de títulos por ano, de acordo com uma disponibilidade que o levava a interessar-se tanto pelas grandes produções como pelos pequenos filmes independentes, sem deixar de prestar atenção aos títulos provenientes das cinemtografias mais distantes (exemplo significativo: a sua lista dos melhores filmes de 2011 era encabeçada pela produção iraniana "Uma Separação", de Asghar Farhadi).
Ao longo dos anos, publicou diversos livros, muitos deles com recolhas das suas críticas. A série mais célebre terá sido "The Great Movies" (três volumes); outros títulos marcantes: "Awake in the Dark: The Best of Roger Ebert", "I Hated, Hated, Hated This Movie" e "Your Movie Sucks". Em 2011, lançara a autobiografia "Life Itself: a Memoir".
A doença levou-o a uma série de intervenções cirúrgicas que lhe deformaram o rosto, impedindo-o de falar desde 2006. Ainda assim, manteve a sua actividade escrita, nas páginas do jornal e na Internet, praticamente até aos últimos dias. Para a história, Ebert fica também como o primeiro crítico de cinema a ser distinguido, em 1975, com o Prémio Pulitzer na área da Crítica.
por João Lopes
publicado 23:20 - 05 abril '13