9 Fev 2022 12:28

A Berlinale tentará manter a sua posição como um dos principais festivais de cinema da Europa a partir de quinta-feira, com a 72.ª edição a ter lugar nas salas de cinema da capital alemã, mas com a competição encurtada devido à pandemia.

"A experiência colectiva está no coração de um festival de cinema", disse o director artístico Carlo Chatrian, testemunhando o desejo de realizar uma edição "cara a cara" a todo o custo, após ter sido obrigado a cingir-se a um festival online em 2021.

No meio de uma onda da variante Omicron na Alemanha, a Berlinale teve de rever as suas ambições: a corrida ao Urso de Ouro durará apenas uma semana, até 16 de fevereiro, ao contrário dos habituais dez ou mais dias. Os presentes, mesmo aqueles que tenham sido vacinados, serão testados a cada 24 horas.

No total, o programa de longas-metragens é reduzido em cerca de 20 a 25% em comparação com uma edição normal. Muito poucas estrelas internacionais foram anunciadas e nenhuma grande produção, especialmente americana, foi incluída numa edição que se concentrará mais do que nunca no cinema de autor e experimental.

Dezoito filmes, incluindo sete de mulheres realizadoras, estão em competição para suceder ao romeno Radu Jude, que ganhou o Urso de Ouro de 2021.

Os prémios, incluindo os de melhores atores, atribuídos desde o ano passado a um actor ou actriz, serão apresentados por um júri chefiado por um dos mestres americanos do thriller, M. Night Shyamalan ("Sexto Sentido", "Inquebrável"). A ele, juntam-se o cineasta japonês Ryûsuke Hamaguchi, o brasileiro Karim Aïnouz e o produtor franco-tunisino Saïd Ben Saïd.

A Berlinale verá em competição vários cineastas de renome e já premiados, incluindo o veterano italiano Paolo Taviani, de 90 anos, com "Leonora Addio", o seu primeiro filme desde a morte do irmão, Vittorio. Ganharam o Urso de Ouro juntos há dez anos.

Também em competição estão Hong Sang-soo, da Coreia do Sul, e François Ozon, da França, outro habitual em Berlim, vencedor do Grande Prémio do Júri em 2019 por "Grâce à Dieu". Abre o concurso com "Peter von Kant", uma interpretação livre da obra de Rainer Werner Fassbinder.

Igualmente presente no programa do festival, a primeira longa-metragem sobre os ataques de 13 de novembro em Paris, centrada no relato de um sobrevivente do Bataclan, será certamente escrutinada. "Un año, una noche", do realizador espanhol Isaki Lacuesta, conta com o argentino Nahuel Perez Biscayart e a actriz francesa Noémie Merlant.

A cineasta Claire Denis estará em competição pela primeira vez, com "Avec amour et acharnement", um filme escrito com Christine Angot.

Fora da competição oficial, a Berlinale espera o rei sulfuroso do italiano giallo, Dario Argento, que mostra o seu novo filme, "Occhiali Neri", no qual volta a dirigir a filha Ásia, e a última comédia absurda do francês Quentin Dupieux, "Incroyable but true".

A actriz francesa Isabelle Huppert receberá um Urso de Ouro honorário.

Sem grandes estrelas na passadeira vermelha e com o mercado de filmes totalmente desmaterializado, a Berlinale terá algum trabalho para provar ser capaz de se manter no topo de um calendário global altamente competitivo de grandes festivais de cinema que tem estado à mercê da pandemia.

Veneza teve sorte e realizou-se durante uma aberta na pandemia, em setembro de 2021, atraindo grandes produções americanas incluindo "Duna", de Denis Villeneuve. Já este ano, em janeiro e já perante uma vaga de infeções, o festival americano de Sundance teve de recorrer a uma edição totalmente online. Cannes mostrara o caminho em julho de 2021, ao voltar aos desfiles de estrelas e ao brilho das sessões na Croisette. O mais prestigiado dos festivais já prepara a próxima edição, prevista para maio.

  • CINEMAX RTP com AFP
  • 9 Fev 2022 12:28

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