Michelle Yeoh e Zhang Ziji — artes marciais no feminino

22 Fev 2020 19:01

O sucesso de “Parasitas”, o filme da Coreia do Sul que os Oscars consagraram, foi uma surpresa, sem dúvida, mas uma surpresa que importa relativizar. Isto porque a presença de alguma produção asiática nos circuitos de Hollywood não é um fenómeno recente, muito menos marginal. E até podíamos evocar um clássico como o japonês Akira Kurosawa para ilustrar essa presença. De qualquer modo, há uma espécie de “idade moderna” que começa no ano 2000 com um filme “wuxia”, ou seja, um filme de artes marciais.



Chamou-se entre nós “O Tigre e o Dragão” — uma realização de Ang Lee, coprodução da China com entidades de Hong Kong, Taiwan e EUA. Nele encontramos um retrato dramático e melodramático de Li Mu Bai, interpretado por Chow Youn-fat, um guerreiro especialmente hábil com a espada, na época lendária da dinastia Qing, no século XVIII. Eis um exemplo da sofisticação coreográfica do filme.


Michelle Yeoh, uma actriz nascida na Malásia, e Zhang Ziji, intérprete e modelo chinesa, defrontavam-se num combate pontuado pelo som metálico das armas, afinal definindo uma componte essencial da realização de Ang Lee: o que mais importa na sua encenação não é quem ganha e quem perde, mas a lógica coreográfica de todos os gestos e movimentos. Estamos, de facto, perante o exemplo de um cinema assumidamente artificial que viria a obter quatro Oscars, nas categorias de música, cenografia, fotografia e melhor filme estrangeiro [video, Oscars/2001].


O impacto de “O Tigre e o Dragão” terá resultado, em particular, da sua dimensão festiva. Em vez de uma exploração filosófica do filme de artes marciais, Ang Lee optou por uma celebração estética em que a música de Tan Dun é essencial, tal como a canção que ajudou a promover o filme: chama-se “A Love Before Time” e surge na interpretação de uma cantora americana, nascida em Hong Kong — chama-se Ferren Lee, mais conhecida pelo nome artístico, Coco Lee.

  • cinemaxeditor
  • 22 Fev 2020 19:01

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