Richard Vuu: o último imperador da China aos 3 anos de idade

27 Jan 2017 19:37

No seu filme "A Infância de um Líder", Brady Corbet encena as convulsões do poder protagonizadas por um político imaginário, entre as duas guerras mundiais. Mas no caso de "O Último Imperador", de Bernardo Bertolucci, a inspiração é bem real — trata-se de evocar a vida atribulada de Puyi: viveu entre 1906 e 1967 e foi o último imperador da China.

Interpretado por John Lone, o excelente actor de Hong Kong que depois viria a fazer "M. Butterfly", sob a direcção de David Cronenberg, o imperador surge como uma figura apanhada no cruzamento de muitas convulsões do séc. XX, com inevitável destaque para a tomada do poder pelo maoísmo e, depois, a Revolução Cultural — o fim da China imperial era irreversível.

A aposta de Bertolucci consiste em fazer um filme de grande espectáculo, valorizado pelo facto de as autoridades chinesas terem permitido, pela primeira vez, que fossem feitas filmagens no interior da Cidade Proibida, em Pequim. Ao mesmo tempo, "O Último Imperador" é uma obra de profundo intimismo, fazendo a crónica dramática do fim de uma era.

Na trajectória de Bertolucci, "O Último Imperador" foi um momento de plena consagração. Estava-se em 1987 e, afinal de contas, ele era já um autor de projecção internacional, tendo assinado títulos como "A Estratégia da Aranha" (1970), "O Último Tango em Paris" (1972) e "1900" (1976). Com "O Último Imperador" chegou aos Oscars, obtendo nove distinções, incluindo as de melhor filme e melhor realizador.


  • cinemaxeditor
  • 27 Jan 2017 19:37

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