O apocalipse familiar segundo Dolan
Almoço de família: Gaspard Ulliel, Nathalie Baye, Vincent Cassel, Léa Seydoux e Marion Cotillard.

Cannes 2016  

O apocalipse familiar segundo Dolan

O jovem realizador canadiano reúne talentos do cinema francês num filme nervoso sobre a dificuldade de comunicação.

Trailer/Cartaz/Sinopse:
 O apocalipse familiar segundo Dolan
Tão Só o Fim do Mundo Após doze anos de ausência, um escritor regressa à sua terra natal com o intuito de anunciar à família a sua morte iminente. São encontros com o círculo familiar, a mãe, a irmã, o irmão e a cunhada, onde transparece o amor, apesar do reviver de eternas querelas, e onde ele, embora não queiramos, sobrevém aos rancores nascidos da dúvida e da solidão.
Média Cinemax:
3.417

Os diálogos são cortantes, agressivos, hesitantes, escondem os sentimentos verdadeiros, servem de atalho para se evitar o assunto. 

É assim que sucede no reencontro familiar que  Xavier Dolan  filma em "Juste La Fin du Monde”. Louis (Gaspard Ulliel) regressa a casa para dizer à sua mãe (Nathalie Baye), ao irmão (Vincent Cassel), à irmã (Léa Seydoux) e à cunhada (Marion Cotillard) que tem uma doença terminal.

A família acolhe-o com um misto de satisfação e desconfiança, ele sente que esteve demasiado tempo fora e que lhe falta espaço emocional para partilhar o seu problema pessoal.

O sexto filme de Xavier Dolan adapta uma peça pessoal do dramaturgo francês Jean Luc Lagarce, falecido em 1995, que é um desafio para um elenco que reúne cinco grandes atores do cinema francês.

É um filme de confrontos verbais, com personagens que gritam, disparatam, hesitam e que são incapazes de declarar verdadeiramente os seus sentimentos.

Dolan percebeu que o texto esconde o que vai no intímo destas pessoas e aproximou a câmara, filmando em plano fechado, procurando captar o que fica indizível. Cada frase corresponde a um plano exposto de um rosto e o filme é um puzzle de olhares cruzados ou que se desencontram na voragem das conversas tensas.

Não há prémio de montagem no palmarés do festival de Cannes, mas se houvesse estava encontrado o vencedor. Dolan ainda assim pode esperar pelo reconhecimento, eventualmente na categoria de realização, dois anos depois de ter recebido o prémio do júri com "Mamã".

O jovem realizador canadiano – tem 27 anos, seis filmes e começou a filmar com 19 anos – não desapontou os que o consideram um prodígio do cinema de autor.

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publicado 00:47 - 20 maio '16

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