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O assalto de Galvão de Melo
dramatizado em cinema
O realizador Francisco Manso mistura a ficção com a história recente de Portugal através de um episódio que abanou a ditadura de Salazar
Em Janeiro 1961, o capitão Henrique Galvão, exilado na Venezuela recrutou portugueses e espanhóis para tomar de assalto o paquete Santa Maria, jóia da coroa da Marinha Portuguesa. O caso ainda está vivo na memória do realizador Francisco Manso e também do actor Carlos Paulo, convidado a envergar a farda militar do capitão que queria afrontar o regime.
Uma história de coragem e ousadia cruzada com elementos de ficção, é assim que Francisco Manso defende o seu mais recente filme "Assalto ao Santa Maria", filmado no navio museu Gil Eanes, ancorado em Viana do Castelo.
Apesar das dificuldades e do escasso financiamento para um filme de época, o realizador entende que uma parte do cinema português deve cumprir esta missão, a de encontrar na nossa história elementos dramáticos para transformar em filme.
Também o actor Carlos Paulo, que andava afastado do cinema há 30 anos, reconhece que já é tempo dos portugueses exorcizarem os fantasmas de um passado recente. Coube-lhe a missão de interpretar o capitão Henrique Galvão, o líder que conduziu o assalto ao paquete. Uma história que o marcou na época quando o seu pai ordenou à família uma orção para pedir um regresso seguro do barco.
Passaram quase 50 anos sobre a história que muitos já esqueceram e outros não fazem ideia que existiu. Francisco Manso não pretende que "Assalto ao Santa Maria" seja uma recriação fiel aos factos, mas entende que pode dar um contributo para não deixar apagar algumas memórias.