Box Office
O balanço do cinema nacional em 2008
O balanço de 2008 da produção nacional em termos comerciais não é brilhante. O cinema português teima em não arrancar e parece preso ao trauma de ter apenas um sucesso por ano.
O número de estreias de filmes nacionais em 2008 diminuiu para catorze - menos três que em 2007.
O número de espectadores de filmes portugueses também diminuiu. Apenas 230 mil, quase metade dos registados em 2007.
Confirmou-se ainda a pouca consistência nas audiências de ano para ano. Entre 2005 e 2008 houve apenas um grande êxito por ano. Um único filme acima dos 100 mil espectadores.
Esse êxito solitário foi responsável anualmente por 52 a 73% do total de bilhetes vendidos pelo cinema nacional: "O Crime do Padre Amaro" em 2005; "Filme da Treta" em 2006; "Corrupção" em 2007 e "Amália" em 2008.
A dependência da figura deste "blockbuster" único tem depois bastante influência na quota de mercado do cinema português. Entre 2004 e 2008, a quota de mercado dos filmes nacionais nunca subiu acima dos 3% e em 2008, de acordo com números provisórios, terá ficado pelo 1,5%. Números muito abaixo da média da União Europeia, que ronda os 20%.
Na Europa, a França é líder na quota de mercado de produção local. É normal que mais de 30% dos bilhetes vendidos naquele país sejam para filmes produzidos por capitais franceses e em 2006 atingiu mesmo os 45%.
Nos outros grandes mercados europeus, Alemanha, Itália e Inglaterra, a quota de mercado da produção local anda pelo 25%. Aqui ao lado, em Espanha, ronda os 15%.
Em países de menor dimensão, como a Dinamarca ou a a República Checa, os valores andam bem acima dos 20%.
Um dos casos mais notáveis de crescimento do mercado cinematográfico e da importância da produção local é a Polónia. Em 2005 representava apenas 3,4%. No ano seguinte era 16%. Em 2007 chegou aos 25% e não pára: só nos primeiros dois meses de 2009 estão previstas mais 13 estreias de produção polaca.
por António Quintas
publicado 02:57 - 02 fevereiro '09