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O drama de Greenberg
... aliás, uma comédia
Com assinatura de Noah Baumbach, "Greenberg" confirma que o melodrama está vivo. E também que Ben Stiller não perdeu os trunfos da sua versatilidade.
"Ele tem muita coisa na cabeça"... diz o cartaz original. E a frase é para ser tomada à letra: sem emprego, vivendo ainda as sequelas de uma depressão, algo perdido na paisagem de Los Angeles, Roger Greenberg é uma personagem que transporta mais do que aquilo que consegue sustentar. É um drama? Sim, sem dúvida, já que nenhuma forma de solidão é simples... mas é também uma comédia!
Algum cinema americano independente tem sabido recuperar o gosto da psicologia que vem do classicismo de Hollywood — sem preconceitos narrativos e também sem complexos de não depender do "fogo de artifício" dos mais modernos efeitos especiais. Noah Baumbach (nascido em Nova Iorque, em 1969) já o fizera em "A Lula e a Baleia" (2005). E volta a fazê-lo neste insólito e tocante "Greenberg", uma crónica social que evita qualquer redução das suas personagens a estereótipos mais ou menos moralistas.
Dimensão fundamental deste cinema é, evidentemente, o trabalho específico dos actores. E se Ben Stiller, no papel central, confirma a sua sempre desconcertante versatilidade, Greta Gerwig é uma surpresa — nascida em 1983, Gerwig emerge como uma figura em que a banalidade se cruza com o charme, numa ambivalência que pode vir a gerar uma carreira invulgar.
por João Lopes
publicado 12:49 - 04 maio '10