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O estilo Tom Ford
e o papel singular de Colin Firth
O estilista texano que reabilitou o prestigio da casa Gucci estreia-se em cinema com um filme clássico onde brilha um actor.
É com surpresa que vemos o texano Tom Ford, um dos nomes mais relevantes da moda mundial, a estrear-se na realização e escrita de argumento para cinema. Dito assim até pode soar injusto por sugerir que Tom Ford é um estranho no meio do cinema. Isso não corresponde à verdade, pois o estilista fez um cameo em "Zoolander", cuidou do fato de James Bond em "007 - Quantum of Solace" e colaborou com fotógrafos contemporâneos como Helmut Newton e Herb Ritts.
"Um Homem Singular" foi adaptado de um romance de Christopher Isherwood, uma obra relevante na afirmação dos direitos homossexuais nos Estados Unidos. Este homem é um professor de inglês (Colin Firth), que tenta retomar a sua vida normal após a morte do companheiro e amante de longa data. A acção acontece em Los Angeles, durante o ano de 1962.
A reconstituição de época revela todo um estilo Tom Ford que sobressai nos cuidadosos valores de produção do filme: guarda-roupa irrepreensível, adereços com elegantes peças de mobília, automóveis sofisticados e cenários que revelam uma cuidada selecção de espaços arquitectónicos.
Há um formalismo que torna o filme frio, acentuando as notas relevantes de um melodrama sobre o luto e a inadaptação, a incapacidade de viver e a superação da própria morte.
O entusiasmo em torno de "Um Homem Singular" é uma caução a esta transição que Tom Ford faz do universo da moda para o mundo da arte. Mas também é uma forma de celebrar o virtuosismo de Colin Firth, um actor que desperdiçava telento em comédias menores - o seu singular desempenho já foi reconhecido no festival de Veneza, pela indústria britânica (BAFTA) e está nomeado para o Oscar da categoria.
É caso para dizer que Colin Firth e Tom Ford tinham talentos escondidos que este filme desvenda.
por Tiago Alves
publicado 17:30 - 22 fevereiro '10