Obituário
O último voo de T-Scott
O realizador Tony Scott morreu este domingo, ao cair de uma ponte nos arredores de Los Angeles. Acredita-se que o cineasta se terá suicidado, aos 68 anos.
O realizador Tony Scott, diretor de "Top Gun - Ases Indomáveis" e "O Caça Polícias II, morreu ontem ao atirar-se de uma ponte, na localidade de San Pedro, no condado de Los Angeles, Califórnia.
Tony Scott tinha 68 anos e, apesar de ainda haver averiguações em curso, a polícia portuária de Los Angeles, que retirou o corpo das águas, acredita que se tratou de suicídio.
Uma testemunha viu o cineasta a saltar, por volta das 12:30 locais, e chamou o número de emergência, o 911.
Anthony Scott, tratado por T-Scott pelos mais próximos, era inglês, de North Shildes, onde nasceu em 1944.
A sua primeira experiência no cinema aconteceu pela mão do irmão mais velho, o realizador Ridley Scott, à frente das câmaras. Tony foi ator na curta metragem "Boy and Bicycle", de 1965.
Os irmãos mantiveram-se juntos na paixão pelo cinema e e fundaram, em 1995, a produtora Scott Free. Em 2002, Tony e Ridley Scott receberam um Emmy pelo filme para televisão "The Gathering Storm".
O sucesso de Tony Scott chegou em 1987, quando dirigiu "Ases Indomáveis", com Tom Cruise e Kelly McGuillis e, um ano depois, com "O Caça Polícias II", protagonizado por Eddie Murphy.
Tony Scott foi decisivo no consolidar da carreira de Tom Cruise como estrela do cinema norte-americano. Quatro anos após "Ases Indomáveis", Scott dirigiu Cruise em "Dias de Trovão" (1990), no qual o ator troca os caças por um stock-car e as pistas de corrida.
Os dois filmes foram produzidos por Jerry Bruckheimer, produtor decisivo em filmes de ação de grande orçamento, com quem Tony Scott também rodou "Maré Vermelha" (1995) e "Inimigo do Estado" (1998).
Ao longo da sua carreira, Tony Scott distinguiu-se por dirigir vários filmes de ação com atores de nomeada: Kevin Costner em "A Vingança" (1990), Bruce Willis em "A Fúria do Último Escuteiro" (1991), Robert De Niro em "Adepto Fanático" (1996) e Robert Redford e Brad Pitt em "Jogo de Espiões" (2001).
Na primeira década deste século, Denzel Washington, com quem já havia trabalhado em "Maré Vermelha", tornou-se no ator central nos filmes de de Scott. A parceria pronlogou-se em "Homem em Fúria" (2004), "Déjà Vu" (2006), "Assalto ao Metro 123" (2009) e "Imparável" (2010), o último filme de Tony Scott como realizador.
O seu trabnalho com os grandes estúdios não o impediu de concretizar alguns filmes com perfil independente. Em 1993, dirigiu "Amor à Queima Roupa", com Christian Slater e Patricia Arquette, baseado num argumento de Quentin Tarantino.
O último trabalho em que participou, como produtor executivo, a mini-série "Coma", deve estrear ainda este ano.
Menos conhecido talvez seja o gosto e o talento de Tony pela pintura. O realizador estudou em várias escolas de arte e recebeu mesmo uma bolsa para fazer o mestrado em pintura no Royal College of Art, de Londres.
Após ter terminado os estudos universitários viveu durante vários anos como pintor. Mas as dificuldades para sobreviver eram grandes e Tony decidiu enveredar pelo cinema, onde nunca alcançou nem o sucesso nem o reconhecimento do irmão, Ridley.
No entanto, o cinema de Tony Scott tem uma impressão digital: no grão da fotografia, na vertigem da câmara e da montagem de clips, na estética criada pelo caos.
Associado à imagem de Tony Scott ficará, também, o boné vermelho do realizador e produtor, que sempre o acompanhava nas filmagens e nas estreias.
por Eduarda Maio
publicado 15:07 - 20 agosto '12