Crítica: "Pina 3D"  

O volume denso do bailado

O trabalho de Pina Bausch num documentário arrojado e que dá novo sentido à opção de filmar a três dimensões.

O volume denso do bailado
Wim Wenders com a companhia de Pina Bausch (fotografia de Donata Wenders)
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 O volume denso do bailado
Pina Pina Bausch, a maior coreógrafa alemã, morreu em 2009. Este é um filme sobre a sua fantástica obra e uma viagem pelas coreografias com que brindou o mundo, quer no palco quer na sua cidade, Wuppertal, que a acolheu a si e à sua criatividade durante 35 anos.

O 3D não serve apenas para projectar o mundo fantasioso de "Avatar" ou gerar uma nova textura na animação digital. O cineasta alemão Wim Wenders assumiu uma experiência totalmente nova, concebendo o primeiro documentário artístico a três dimensões para prestar homenagem à coreógrafa e dançarina Pina Bausch, a fundadora da companhia Wuppertal, falecida em 2009.

O filme foi imaginado como um esforço conjunto onde Wenders acrescentou um olhar próprio, experimental, ao material de arquivo sobre Bausch.

As peças abordadas, como Cafe Müller (uma das poucas coreografias onde Pina Bausch dançou), surgem enriquecidas por coreografias no exterior, fora do palco, em breves excertos ou sequências deslocadas que ganham autonomia em espaços surpreendentes, novos lugares de cena, como o metro ou uma pedreira.

O realizador recorda Pina Bausch através de depoimentos dos diversos elementos da companhia, que são colocados em off sobre o rosto silencioso e sempre expressivo dos dançarinos. A opção de filmar a três dimensões é adequada a um filme que evoca a obra e a dança, em vez de se preocupar com a biografia. Ou seja, um filme que utiliza as três dimensões para captar o vigor do movimento dos corpos, a expressividade dos bailarinos e a força das coreografias colectivas.

É uma solução ajustada à obra de uma coreógrafa que trabalhou os elementos e criou profundidades sonoras e visuais, tendo ousado transportar os elementos - terra, água... - para o palco. “Pina” merece ser saudado por três motivos: é um elogio surpreendente da obra de Pina Bausch, dá pleno sentido à opção de filmar e exibir em 3D - o que não sucedia com esta relevância desde “Avatar - e Wim Wenders regressou aos bons filmes.

Crítica de Tiago Alves actualizado às 23:46 - 12 maio '11
publicado 23:17 - 12 maio '11

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