Memórias francesas dos anos 60 vistas e revistas por André Téchiné

4 Nov 2017 22:10

Cineasta de todas as convulsões amorosas, André Téchiné passa muitas vezes pelos temas, desejos, perplexidades, sonhos e pesadelos da adolescência. Assim acontece no belíssimo “Quando se Tem 17 Anos”, agora lançado nas salas portuguesas. Assim aconteceu noutro filme magnífico, “Les Roseaux Sauvages”, entre nós “Os Juncos Silvestres” — foi em 1994.

De forma sugestiva, talvez possamos dizer que Téchiné vê nos ziguezagues da adolescência as melodias e os ritmos de uma descoberta tão íntima quanto radical — "Os Juncos Silvestres" é, afinal, a história de um amor homossexual marcado pelas tensões da sociedade francesa dos anos 60, em particular o processo que conduziu à independência da Argélia.

Curiosamente, na trajectória de Téchiné, “Os Juncos Silvestres”, porventura um dos seus títulos mais pessoais, surgiu de uma encomenda. Mais exactamente, em meados da década de 90, o canal Arte produziu um conjunto de nove filmes sobre a adolescência, envolvendo ainda, por exemplo, Chantal Akerman e Olivier Assayas. Como Téchiné disse na altura, foi uma encomenda que ele aceitou de bom grado, uma vez que correspondia ao seu desejo de contar uma história com adolescentes.



No plano musical, vale a pena recordar que "Barbara Ann”, um dos temas mais lendários dos Beach Boys, surge no filme como uma canção que pode simbolizar o contexto juvenil dos anos 60 em que decorre a acção — aliás, tal como "Smoke Gets in Your Eyes", de The Platters. Para Téchiné, as canções são mais do que um elemento decorativo da época; são, sobretudo, uma memória visceral de um determinado tempo.
  • cinemaxeditor
  • 4 Nov 2017 22:10

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