Cannes 2017  

Símbolos de alguma produção independente "made in USA", os irmãos Safdie estão na competição de Cannes como "Good Time": um "thriller" de grande competência técnica e pouca vibração emocional.

Trailer/Cartaz/Sinopse:

 

Good Time Um assalto corre mal. Connie consegue escapar, mas o seu irmão Nick foi apanhado. Enquanto Connie tenta reunir o dinheiro para pagar a fiança de Nick, este toma a opção de se evadir. Começa então uma noite repleta de adrenalina, passada no submundo de Nova Iorque.

Média Cinemax:

1.333

Os irmãos Benny e Joshua Safdie foram promovidos a símbolos de uma certa produção independente americana através de títulos como "The Pleasure of Being Robbed" (2008) ou "Vão-me Buscar Alecrim" (2009), este lançado nas salas portuguesas. Tendo em conta o exemplo agora apresentado na competição de Cannes — "Good Time" —, o seu trabalho parece seriamente ameaçado por um formalismo à deriva.

Estamos perante um thriller com um sugestivo ponto de partida: dois irmãos tentam fugir depois de um assalto que cometem, sendo um deles, interpretado pelo próprio Benny Safdie, uma pessoa com sérias limitações de comunicação; quando ele é apanhado, o irmão (Robert Pattinson) faz tudo para garantir a sua libertação...

Infelizmente, o filme tem muito fogo de artifício para oferecer e poucas nuances psicológicas ou emocionais para explorar. Mesmo reconhecendo que este é um cinema (independente ou não...) de grande sofisticação na sua execução técnica, há aqui uma confusão essencial entre agitação (?) da câmara e criação de genuínos momentos dramáticos.

Entretanto, parece que Robert Pattinson continua à procura de papéis que o libertem, definitivamente, de qualquer imagem "juvenil". Não será fácil superar a pesada herança de "Twilight", mas não deixa de ser interessante observar a sua obstinação — foi, afinal, um processo iniciado com o fabuloso "Cosmopolis" (2012), de David Cronenberg.