Estreia: "Um Amor de Juventude"
Os males de amor de Mia Hansen Løve
A terceira longa metragem da jovem cineasta Mia Hansen Løve é uma visão de simplicidade sobre as inesquecíveis dores do primeiro amor.
Amor de verão com promessas de futuro.
Trailer/Cartaz/Sinopse:
Um Amor de Juventude
Aos quinze anos Camille apaixona-se desesperadamente por Sullivan, um rapaz quatro anos mais velho que sonha partir para a América do Sul. Passam juntos um belo verão mas o mundo de Camille desaba quando ele parte no final de 1999 e volta a desabar quando ele, uns meses depois, deixa de lhe escrever. Anos mais tarde, Camille estuda Arquitectura, conhece Lorenz, um arquitecto famoso e volta a ...
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Antevisão "Amor de Juventude"
O
ditado do povo "não há amor como o primeiro", parece aplicar-se na
perfeição a esta história de dois adolescentes que ficam marcados
pelo primeiro romance das suas vidas. Camille
e Sullivan vivem um amor de verão, com promessas para o futuro,
mesmo que um e outro tenham desejos diferentes sobre o mesmo amor.
A
rapariga parece estar a viver o mais intenso momento de vida,
expectante e dependente dos encontros dos dois. O rapaz tem uma
vivência em movimento, circula por todo o lado de bicicleta, mas
aspira a algo mais, como uma viagem aventureira pela América do Sul. A partida de Sullivan será a separação dos dois, e vai ditar também o fim do
romance que viveram.
O
filme segue Camille, atormentada e incapaz de fazer o luto deste
primeiro amor que já se perdeu. Será com o passar de alguns anos
que a jovem irá prosseguir, para uma carreira como arquitecta e um
novo interesse amoroso por um homem mais velho.
Quando
tudo parece resolvido, Camille reencontra Sullivan, e nesta altura, o
filme ganha a única dimensão surpreendente.
Mia
Hansen Løve é a primeira a dizer que o romance do filme não é
universal, é um caso particular, para que o público possa chegar ao
universal. E faz sentido sublinhar o aviso da realizadora, por que
talvez sejam raros os casos em que um primeiro amor tem força para
fazer tantos estragos emocionais, como na história contada no filme.
A personagem interpretada pela actriz Lola Créton é alguém
determinado em ficar agarrada ao passado, mas a ingenuidade da jovem
Camille parece despropositada perante a facilidade com que em adulta,
deixa que as velhas memórias se intrometam no presente.
A
realizadora e argumentista aposta numa certa simplicidade para traçar
o caminho deste amor que se perdeu, e talvez tenha perdido a hipótese
de vincar alguma complexidade que a personagem principal parece
querer mostrar.
Há neste filme mais ligeireza do que seria de
esperar para a construção da personagem principal e das decisões
que toma, e até mesmo para a ponta de crueldade que se instala nas
rupturas amorosas. A
fotografia é uma das preciosidades, capaz de acompanhar o percurso
de Camille da luminosidade ingénua até ao cinzento da vida adulta.
Mesmo assim, "Um Amor de Juventude" fica a caminho de se tornar um
belo filme sobre um primeiro amor, ou até sobre o drama de uma
mulher que sofre por fazer valer o passado.
A
meio caminho... perde-se algum interesse.
Crítica de Lara Marques Pereira
actualizado às 23:57 - 27 março '12
publicado 23:56 - 27 março '12