Oscar 2011  

Em tempos de expectativa face aos Oscars de Hollywood, a possibilidade de Colin Firth ser eleito o melhor actor é altíssima: em jogo está também um estatuto construído ao longo de uma carreira diversificada.

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No jogo de previsões sobre os Oscars, o nome de Colin Firth parece ser dos mais "seguros". Não que seja muito importante tentarmos qualquer aproximação "científica" do assunto (afinal de contas, a Academia de Hollywood é constituída por pessoas, não por robots previamente programados), mas é um facto que a sua distinção como melhor actor, graças a "O Discurso do Rei", não pode deixar de ser vista também como uma renovada consagração de uma ideia muito básica, mas também muito influente: a de que os actores ingleses possuem uma mais-valia de representação que os torna mais "rigorosos" que os americanos.

É um cliché como qualquer outro. Mas há que reconhecer que, ao longo das décadas, vários actores ingleses têm conseguido dar provas de uma versatilidade que os faz oscilar entre géneros sem que os recursos do seu talento se esgotem.

Colin Firth, precisamente, é um bom exemplo disso mesmo. Afinal de contas, convém não esquecer que a sua imagem de marca ficou na personagem de "Mr. Darcy", da série "Orgulho e Preconceito" (1995). Antes e depois, fomo-lo encontrando em registos tão variados quanto os de "Valmont" (1989), de Milos Forman, "O Paciente Inglês" (1996), de Anthony Minghella, ou "O Diário de Bridget Jones" (2001), de Sharon Maguire.

Convenhamos que nem sempre o imaginámos a compor uma personagem dilacerada, tão secreta quanto transparente, como a de "Um Homem Singular" (2009), de Tom Ford, a sua primeira nomeação para os Oscars (e, a meu ver, de longe, a melhor representação da sua carreira). O certo é que ele tem passado por altos e baixos sem anular as suas capacidades nem esvaziar a sua imagem junto do público. Seja qual for o nosso entusiasmo, ou a falta dele, face a "O Discurso do Rei", o Oscar para Colin Firth será também uma distinção dos seus pares para tão persistente carreira.