Sylvester Stallone assume, pela quinta vez, a personagem de John Rambo


joao lopes
26 Set 2019 23:32

Perante a avassaladora mediocridade de "Rambo: A Última Batalha", creio que, apesar de tudo, importa não simplificar a(s) história(s). Dito de outro modo, quando surgiu o primeiro filme com a personagem de John Rambo — "First Blood/A Fúria do Herói" (1982), de Ted Kotcheff —, estávamos perante um curioso desafio. A saber: relançar um modelo tradicional de aventura, nele integrando alguns ecos traumáticos da guerra do Vietname.

Em boa verdade, na época, o seu intérprete, Sylvester Stallone, encarnava (ainda) uma certa capacidade de recuperar matrizes clássicas de heróis solitários — recorde-se que o primeiro "Rocky" surgira em 1976 —, adaptando-as a um mundo cinematográfico (e político) em que já não era possível repetir os valores de espectáculo da idade de ouro de Hollywood.
Enfim, resumindo uma história que já leva várias décadas, quer Rocky Balboa, quer John Rambo, foram sendo reduzidos a variações caricaturais da sua própria mitologia, num universo cada vez mais saturado de cópias e sequelas. Agora, no quinto título da série ‘Rambo’, parece anunciar-se uma conclusão — o "primeiro sangue" derramado no filme fundador dá lugar a um "sangue final" (last blood).
A "invenção" do argumento está esgotada no próprio trailer do filme: Rambo vive retirado num rancho do Arizona, tendo por companhia uma velha amiga e a sua neta — esta surge como sua protegida, nela projectando a ânsia de um futuro ideal… Algo corre mal com ela, reavivando um desejo de vingança e conduzindo a um confronto final de um esquematismo pleno de sangue e ruído…
Para além do gratuito da acção física, cada vez mais apoiada em efeitos especiais rudimentares, por vezes francamente toscos, "Rambo: A Última Batalha" é um daqueles filmes em que a maioria das peripécias se vai adivinhando com cinco ou dez minutos de avanço… Em boa verdade, o desejo de cinema foi vencido por uma máquina de produção cansada, rotineira, sem imaginação.

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