Paul Thomas Anderson não está nos Óscares...
Amy Adams e Paul Thomas Anderson: ela está nomeada, ele não...

Hollywood  

Paul Thomas Anderson não está nos Óscares...

Decididamente, os Óscares confundem-se cada vez com o marketing: a maioria das nomeações vai para filmes lançados no último trimestre de 2012. Entre as ausências, Paul Thomas Anderson, realizador de "O Mentor", é a mais significativa.

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É óbvio, mais do que nunca, que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood está à procura de uma mudança estrutural dos Óscares. Entenda-se: do seu impacto público. Ou ainda (e para irmos directos ao assunto): de uma recuperação de audiências para a respectiva transmissão televisiva.

De tal modo que, este ano, mudou até o formato tradicional de apresentação das nomeações: em vez do presidente da Academia e da actriz vencedora no ano anterior da estatueta de melhor secundária, surgiram... os próprios apresentadores da cerimónia. Além do mais, Seth MacFarlane e Emma Stone tentaram sustentar um discurso irónico e "ligeiro" que, não tenhamos dúvidas, será a marca fundamental do próprio espectáculo (24 de Fevereiro).

Há, por certo, filmes de muitos tons e para satisfazer quase todos os gostos... Entretanto, o panorama geral das nomeações confirma que os Óscares deixaram de ser o balanço de um ano de produção para existirem como uma celebração do marketing: na sua esmagadora maioria, os nomeados pertencem a títulos estreados no último trimestre de 2012 no mercado dos EUA (estando agora, quase todos, a surgir nos mercados estrangeiros, nomeadamente nos países europeus).

Nada disto gera "tendências" ou "vencedores antecipados", quanto mais não seja porque, por mais exercícios jornalísticos que possamos fazer, as nomeações não podem deixar de reflectir a pluralidade contraditória (plena de energia, entenda-se) em que vive o actual cinema made in USA. Só assim se compreende, aliás, a extraordinária performance de um filme ultra-independente como "Beasts of the Southern Wild" (a estrear entre nós a 14 de Fevereiro, como "Bestas do Sul Selvagem"), arrebatando quatro nomeações, todas elas da linha da frente dos Óscares: filme, realizador, actriz e argumento adaptado.

Neste contexto, o filme que talvez possamos considerar como o "mais americano" do ano surge perversamente secundarizado: o genial "The Master"/"O Mentor" (estreia portuguesa: 7 de Fevereiro), de Paul Thomas Anderson, consegue três importantes nomeações em categorias de interpretação (Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams), mas o próprio realizador fica de fora... Que é como quem diz: o fogo de artifício televisivo (leia-se: "Os Miseráveis") será um dos protagonistas "naturais" da noite dos Óscares, ao mesmo tempo que Anderson, um dos mais notáveis e também mais sofisticados narradores de Hollywood, terá apenas um lugar de figurante. Nobody's perfect.

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publicado 01:58 - 11 janeiro '13

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