Oscars
Quem (não) vai ganhar os Oscars?
Será que o marketing venceu a cinefilia? A temporada dos prémios de Hollywood não passará de uma forma de exclusão de alguns filmes?
Deixemo-nos de tretas infantis... A blogosfera está (e estará) cheia de discursos inflamados sobre os Oscars "justos" e os Oscars "injustos". Para quê? Afinal de contas, qualquer escolha é verdadeira (no sentido em que reflecte a sensibilidade de um determinado universo) e também relativa (no sentido em que outro universo escolheria, com a mesma legitimidade, de modo diversos).
O que não se compreende é o facto, de ano após ano, haver filmes que são literalmente excluídos de qualquer escolha, apenas porque não entraram nas grandes opções do marketing. Este ano temos, aliás, um exemplo quase chocante: como é possível que, mesmo no mero plano das nomeações, um filme como "Outra Vida/Hereafter", de Clint Eastwood, esteja a ser sistematicamente ignorado por todas as entidades que estão a dar prémios?
Sou dos que pensam que "Outra Vida" é um dos melhores filmes americanos de 2010 (em boa verdade, um dos melhores de há vários anos). Mas o que choca não decorre dessa minha perspectiva de valor. O que choca é que haja um conjunto de filmes, estável e inamovível, que restringe a escolha de um ano (e muitas centenas de títulos) a um leque reduzidíssimo (de pouco mais de uma dezena). Dir-se-ia que já nem há gosto por promover a diversidade junto dos consumidores.