Retorno ao xadrez da guerra fria
O sueco Tomas Alfredson dirige uma rigorosa reconstituição de época com Gary Oldman em ótimo plano.
Gary Oldman, o espião no centro do enigma mental de "A Toupeira"
Trailer/Cartaz/Sinopse:
A Toupeira
Década de 70 do Século XX. George Smiley (Gary Oldman), é um espião veterano, recentemente aposentado do MI6, os serviços secretos britânicos. Smiley é forçado a investigar os seus antigos colaboradores para descobrir um agente infiltrado e que transmite informações para os serviços secretos soviéticos.
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Os clássicos de espionagem de John le Carré são fontes inesgotáveis de bom cinema, o que é confirmado numa nova adaptação com textura psicológica e ótimos desempenhos.
"A Toupeira - Tinker, Tailor, Soldier, Spy", retoma uma trama clássica de espionagem nos bastidores do MI6, os serviços secretos britânicos, escrita por le Carré, em 1974, e enredada em torno da figura de George Smiley (Gary Oldman), um espião veterano e retirado que que investiga o passado e as ações conduzidas pelos seus antigos colegas para descobrir qual é o agente infiltrado, a toupeira, que passa informação dos serviços ingleses para os soviéticos.
Estamos perante um filme de espionagem que é um estudo de personagens complexas e servido por bons desempenhos dos atores britâncios - Tom Hardy, Mark Strong, Toby Jones e Colin Firth, que tem aqui o seu papel posterior a ter ganho o Oscar em "O Discurso do Rei". Mas a composição que sobressai é a de Gary Oldman interpretando a personagem de Smiley com uma serenidade calculada e uma intensidade sombria. É preciso recuar ao início da década de 90 ("Drácula" de Francis Ford Coppola e "JFK", de Oliver Stone) para encontrar um desempenho do ator com esta qualidade.
"A Toupeira” surge como um triunfo da produção europeia, desde logo da companhia inglesa Working Title, mas também do francês Studio Canal que assumiu 30% do projeto na sequência do desinteresse dos estúdios Universal.
O realizador sueco Tomas Alfredson supera o desafio da segunda longa-metragem, confirmando as boas indicações que tinha deixado no filme de vampiros "Deixa-me Entrar". O seu olhar revela uma atenção muito grande ao pormenor e valoriza bem os detalhes que fazem a diferença em cada cena, definindo a intensidade dos ambientes de um thriller e valorizando a reconstituição de época.
"A Toupeira" é um filme de espionagem clássico por excelência, deliciosamente datado, e a sua adaptação confirma que as boas histórias da guerra fria imaginadas por John le Carré, ainda podem ser interessantes, apesar da distância do período histórico que evocam.
Crítica de Tiago Alves
actualizado às 12:40 - 27 dezembro '11
publicado 17:10 - 26 dezembro '11