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Segunda Juventude
3º capítulo: IRONIA DRAMÁTICA E COMÉDIA SOCIAL


"O Passado e o Presente" (1972): a comédia de costumes na obra de Oliveira
Filmes: "O Passado e o Presente"
Depoimento: Joaquim Leitão, realizador
Em plena agonia do Estado Novo, em 1972, "O Passado e o Presente" foi um filme que rompeu com uma certa austeridade. Manoel de Oliveira fê-lo numa altura de importante viragem da produção portuguesa, com o aparecimento do Centro Português de Cinema e o apoio da Fundação Gulbenkian. Mas foi também um momento de viragem para o próprio Oliveira, o cineasta do austero "Acto da Primavera" reaparecia com uma comédia.
Filmes: "O Passado e o Presente" | "Amor de Perdição"
Depoimento: Mário Dorminsky, Director do Fantasporto
"O Passado e o Presente" é o exemplo de um filme que procura vários equilíbrios relevantes em toda a obra de Manoel de Oliveira suscitando acesas discussões sobre as relações entre o drama e a comédia, o realismo e o artifício, o cinema e o teatro - não é por isso exagerado dizer que "O Passado e o Presente" continua a ser um filme exemplarmente moderno.
Filmes: "O Passado e o Presente" | "Francisca" | "Party"
Depoimento: Paulo Castro Rangel, líder do grupo parlamentar do PSD
É habitual ouvir dizer que as componentes teatrais do cinema de Manoel de Oliveira limitam as qualidades concretas do cinema que faz. Dois filmes desmentem esse lugar-comum que esquece que o teatro, ou melhor, a teatralidade não é, para Oliveira, um mero recurso formal, mas sim um tema - assim acontece em "O Passado e o Presente", adaptado de uma peça de Vicente Sanches; assim acontece também em "Francisca", adaptado de um romance de Agustina Bessa Luís.
Filmes: "O Passado e o Presente" | "Francisca" | "Party"| "Os Canibais"
Depoimento: Eduardo Paz Barroso, professor universitário
Manoel de Oliveira é um cineasta de muitas e fascinantes variações. Ele é o documentarista de "Douro, Faina Fluvial" ou "Acto da Primavera". Mas é também o autor dramático de sagas portuguesas como "Non ou a Vã Glória de Mandar" e "O Quinto Império". E é ainda o observador irónico dos usos e costumes, conforme sucede em "Party", um divertimento sobre as atribulações do casamento construído pelo próprio Oliveira a partir de diálogos escritos por Agustina Bessa Luís.
Filmes: "O Passado e o Presente" | "Francisca" | "Party" | "Espelho Mágico
Depoimento: João Bénard da Costa, Director da Cinemateca
Em todas as fases da obra de Manoel de Oliveira, podemos encontrar experiências marcadas por um registo ambivalente e irónico, por vezes partindo de pressupostos típicos da chamada comédia de costumes. É algo que está para além das convenções de qualquer género. Mas quando pensamos em títulos como "O Passado e o Presente", "Francisca", "Party", "O Princípio da Incerteza" ou "Espelho Mágico", compreendemos que há nele um valor tantas vezes esquecido - esse valor é o humor.