Forky está, literalmente, em boas mãos...


joao lopes
29 Jun 2019 3:22

O novo herói de "Toy Story 4" é um… garfo! Mais excatamente, a pequenina Bonnie (Madeleine McGraw) conseguiu vencer o medo de enfrentar o seu novo ambiente — a escola —, inventando um amigo. Dito de outro modo: fabricou-o a partir de diversos objectos do dia a dia escolar, a começar por um… garfo. Deu-lhe um nome adequado ("Forky") e toda a sua existência passou a depender da companhia do novo brinquedo.

Do ponto de vista cinematográfico, a existência de Forky está longe de ser um detalhe. Se este quarto episódio da saga mais famosa da Pixar consegue reencontrar a energia do primeiro, lançado em 1995 (foi a primeira longa-metragem de animação totalmente gerada por computadores), isso resulta, antes do mais, de um muito elaborado, e também muito clássico, trabalho de escrita de argumento (em que estão envolvidos os veteranos John Lasseter e Andrew Stanton).
Não por acaso, a passagem dos anos (os episódios 2 e 3 surgiram em 1999 e 2010, respectivamente) foi sendo integrada na dinâmica das personagens, em particular nas múltiplas relações dos brinquedos com as crianças — preservando sempre, convém sublinhar, o tabu que faz com que os humanos não saibam que os brinquedos têm vida própria…
Naturalmente, em destaque voltam a estar o cowboy Woody (Tom Hanks) e o astronauta Buzz Lightyear (Tim Allen), este a continuar a manifestar sérias dificuldades para compreender que é um… brinquedo. Aquilo que os move é, em última instância, a mais tradicional linha dramática das fábulas infantis. A saber: o que significa pertencer a uma comunidade?
A complexidade dos desenhos, em especial na volumetria das personagens e na sua interacção "física", atingiu um impressionante grau de sofisticação. Mas não há uma única cena em que "Toy Story 4", dirigido por Josh Cooley (a estrear-se na realização, depois de ter passado por vários departamentos criativos da Pixar), ceda à tentação de "exibir" o seu know-how tecnológico — é uma boa forma de demarcar o projecto, quer dizer, o seu conceito de espectáculo, das rotinas que passaram a dominar os super-heróis.

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