26 Mai 2023 23:14

Ken Loach disse na sexta-feira que não sabe se “The Old Oak”, a tentativa do realizador britânico de 86 anos de ganhar o prémio máximo do Festival de Cannes pela terceira vez, será a sua última.

“Não sei, vivo dia após dia”, disse Loach, que faz 87 anos em junho. “Se lermos as colunas de obituários e não estivermos nelas, é um bom dia. Por isso, continuamos a viver, a sério”.

Loach disse ao The Hollywood Reporter no mês passado que “The Old Oak”, apresentado esta sexta-feira, seria provavelmente o seu último filme.

O argumentista Paul Laverty disse que não está fora de questão para Loach fazer outra coisa que não seja cinema.

“Ele é demasiado modesto para o dizer, mas o cinema é apenas uma das coisas que ele faz”, disse. “Por isso, vai estar ocupado e sentir-se vivo durante muito tempo.”

Dois dos filmes anteriores de Loach, “Brisa de Mudança” e “Eu, Daniel Blake”, receberam anteriormente a Palma de Ouro, tornando-o um de apenas nove realizadores que ganharam mais de uma vez.

No novo filme, o pub Old Oak é o único local público que resta aos habitantes de uma antiga aldeia mineira britânica, mas quando começam a aparecer famílias sírias a fugir da guerra, a convite de TJ Ballantyne, dono do bar, nem todos ficam satisfeitos.

Tal como no passado, Loach evita usar actores profissionais, sendo TJ interpretado pelo antigo bombeiro Dave Turner. Ebla Mari, uma actriz síria, interpreta Yara, a refugiada que trava amizade com TJ. Juntos, tentam melhorar a comunidade no nordeste da Inglaterra que, tal como na vida real, tem vindo a desmoronar-se lentamente à medida que as pessoas partem em busca de oportunidades de emprego noutros locais.

“Nas aldeias onde filmámos no ano passado, não havia necessidade de criar cenários porque as aldeias são assim, sabe, todas as lojas estão fechadas”, disse Turner. “Não há investimento, não há empregos. Há falta de esperança”.

“Quando se tira a esperança às pessoas, o que resta?”

“O tratamento dos refugiados sírios e de outros países que se instalaram nessas comunidades também continua a ser uma questão não resolvida”, disse Mari. ” Enfrentam muita discriminação e muito racismo até aos dias de hoje. Por isso, é uma questão muito relevante”, afirmou.

“Por isso temos de falar mais sobre o assunto e fazer filmes sobre o tema e contar a sua história”, acrescentou Mari.

  • REUTERS
  • 26 Mai 2023 23:14

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