10 Fev 2023 18:45

Cate Blanchett dá vida à maestrina Lydia Tár, uma figura ilustre e respeitada da elite da música clássica, que alcançou o sucesso e conquistou o respeito de todos. Uma personagem inventada, mas que o realizador e argumentista Todd Field, tornou quase real.

No festival de Veneza, onde venceu a Taça Volpi de melhor interpretação, Cate Blanchett referiu-se a Lydia como alguém que vislumbra a partir do topo, o caminho que pode levar à queda. O filme tem um argumento complexo desde a primeira sílaba, sublinhou a actriz, e foi um processo que evoluiu e mudou. Há apenas um detalhe que se manteve ao longo da construção da personagem, o facto de Lydia ser alguém alienada dela própria.

A maestrina, primeira mulher a dirigir a conceituada Orquestra Filarmónica de Berlim, prepara a gravação ao vivo da desafiante quinta sinfonia de Mahler, e está à beira do lançamento de um livro de memórias.

Segundo Todd Fields este é o momento em que se tornam visiveís as contradições e fragilidades da personagem: "Ela tem forças externas que a afetam e nós temos pouca informação sobre o que são e o que significam. É então que algo acontece e a vida dela muda".

Inebriada pelo poder e controladora, Lydia tem dificuldade em separar a vida pessoal do contexto profissional, tornando-se foco das atenções, por defender de forma acérrima que a obra artística não deve ser afectada pela conduta moral dos criadores, ou por ter responsabilidades na morte de uma colaboradora, ou, ainda, por fazer escolhas duvidosas em torno de uma jovem e sedutora violoncelista.

Todd Fields constrói um drama em torno de uma mulher fascinante que cai em desgraça, com uma história que passa também por questões como a cultura do cancelamento ou a agenda MeToo. Ainda assim, Cate Blanchett prefere sublinhar o poder de um filme ao retratar pulsões humanas.

"Apesar de haver muitos tópicos quentes que aparecem no filme, não é sobre nada disso. Isso são instrumentos de escrita. O filme é feito no tempo em que vivemos e visto por plateias no nosso tempo… para mim é mais existencialista do que isso", explicou a actriz.

Perto do estatuto de estrela maior, alcançado pela maestrina à qual dá vida, Cate Blanchett pode chegar ao terceiro óscar da carreira. “Tár” tem seis nomeações. Além da actriz principal, está na corrida a melhor filme, realizador, argumento original, fotografia e montagem.

Estreou a 9 de fevereiro 2023 nas salas de cinema portuguesas.

  • Lara Marques Pereira
  • 10 Fev 2023 18:45

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