Marion Cotillard lidera o (talentoso) elenco de "Mal de Pierres"
Cannes 2016
Tradição e psicologia em tom francês
Mais um titulo frances na competicao de Cannes: "Mal de Pierres" conta uma convulsiva historia de amor, todavia sem conseguir superar as convencoes de um academismo mais ou menos televisivo (mesmo nao esquecendo a presenca da admiravel Marion Cotillard).
Trailer/Cartaz/Sinopse:
Mal de Pierres
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, uma mulher apanhada num casamento sem amor, apaixona-se por outro homem.
Baseado num romance da italiana Milena Agus, "Mal de Pierres" e a historia de Gabrielle, filha de uma familia da burguesia agricola que, no pos-Segunda Guerra Mundial, protagoniza uma paixao contrariada por tudo e todos: acabara por ser "conduzida" a um casamento que nao deseja, num processo de recalcamentos varios que, muitos anos mais tarde, irao reaparecer na sua existencia...
O menos que se pode dizer deste titulo frances, presente na competicao de Cannes, e que integra uma invulgar coleccao de talentos, a comecar pela admiravel Marion Cotillard, emprestando a Gabrielle uma vibracao que tem tanto de carnal como de espiritual, ao mesmo tempo preservando uma invulgar sobriedade. Com ela contracenam , entre outros, Alex Brendemühl e Louis Garrel, pertencendo o argumento a Jacques Fieschi; alem do mais, a direccao de fotografia, especialmente importante no tratamento das paisagens naturais, tem assinatura de Christophe Beaucarne.
Infelizmente, tanto nao basta para conferir a "Mal de Pierres" uma consistencia capaz de ultrapassar a logica academica de um telefilme de rotina. Claro que a realizadora Nicole Garcia, tambem ela uma actriz, se mostra atenta as nuances dos seus interpretes; o certo e que o filme, porventura perdido num certo maniqueismo "feminino", vai desenvolvendo a sua "demonstracao", pelo caminho esbanjando as singularidades das personagens.
Vale a pena lembrar que, na sua filmografia como realizadora, Nicole Garcia tem titulos tao interessantes como "Place Vendome" (1998) ou "O Adversario" (2002). Em todo o caso, "Mal de Pierres" parece encerrar-se numa certa "defesa" de um tradicionalismo "psicologico" que, em boa verdade, o mais inventivo cinema frances ha muito superou.
por João Lopes
publicado 21:19 - 15 maio '16