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Um aprendiz de padrinho
Um novo perfil para o mafioso europeu.
Como figurar a máfia no cinema? A questão impõe-se em função de "O Profeta", de Jacques Audiard, um filme de prisão com enredo criminal.
O profeta do título é um jovem delinquente de origem árabe que cresce numa cadeia onde é protegido por um chefe do braço corso da máfia. A longa aprendizagem permite-lhe trilhar um caminho próprio e estabelecer as ligações no submundo do crime - dentro e fora da prisão, durante as saídas precárias - que são determinantes para assumir a liderança.
O novo padrinho é árabe, estabelece pontes entre a máfia e outros grupos do crime organizado que operam na Europa, não tem pedigree - isto é, antecendentes familiares - nem obedece aos respectivos códigos. É indistinto, uma apátrida, árabe para os corsos, corso para os muçulmanos - o actor Tahar Rahim figura bem essa indefinição racial.
"O Profeta" contraria o perfil institucional do padrinho que tem sido representado a partir da saga de Coppola e dos filmes de Scorsese. E transfere a geografia do crime organizado para o sul da Europa, banhado pelo mediterrâneo, onde se movimentam os imigrantes árabes e africanos.
Estamos perante um filme que faz a anatomia da construção do poder mafioso e que oferece outras possibilidades narrativas ao cinema do género.


UM PROFETA
De Jacques Audiard
com Tahar Rahim, Niels Arestrup, Adel Bencherif
Crime, Drama
155m
M/12
FRA, ITA
2009
por Tiago Alves
publicado 18:34 - 07 janeiro '10