Crítica: "Thor"  

Um herói que não é para levar muito a sério

Kenneth Branagh assume a a saga de um guerreiro primitivo com algum distanciamento e um humor que favorece a série.

Um herói que não é para levar muito a sério
Chris Hemsworth, um actor revelado no papel do Deus do martelo
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 Um herói que não é para levar muito a sério
Thor Poderoso, mas arrogante, Thor (Chris Hemsworth) é um guerreiro do reino de Asgard, que foi banido pelo próprio pai, o rei Odin (Anthony Hopkins), ao avivar uma guerra ancestral há muito extinta. Agora, condenado a viver entre os humanos, Thor conhecerá Jane (Natalie Portman), que lhe dará a conhecer o poder da amizade e do amor. Quando Asgard ataca a Terra, Thor torna-se um dos seus maiores ...
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Um herói que não é para levar muito a sério
Kenneth Branagh sobre "Thor" O realizador fala das motivações para adaptar as aventuras deste herói.

Um herói que não é para levar muito a sério
Os actores de "Thor" Chris Hemsworth e Tom Hiddleston assumem dois irmãos e heróis poderosos em confronto.

Um herói que não é para levar muito a sério
Thor e outros heróis da Marvel Revisão das personagens da Casa das Ideias que passaram da banda desenhada para o cinema

A Marvel lança mais um herói da sua extensa galeria, apostando na saga do Deus do trovão - figura inspirada na mitologia nórdica e criada por Jack Kirby e Stan Lee na década de 60 do século passado - para ganhar o ano cinematográfico.

O projecto foi realizado pelo actor e realizador britânico Kenneth Branagh, e esta opção, aparentemente estranha, acaba por fazer sentido.

O realizador surge como alguém empenhado em trazer uma sensibilidade diferente ao universo saturado das histórias de super heróis dos comic books, graças à sua relação com obras clássicas - os seus filmes mais populares foram inspirados em novelas de William Shakespeare e o seu projecto mais ambicioso foi "Frankenstein de Mary Shelley".

Esta é uma história à medida desse currículo. Thor (Chris Hemsworth) está destinado a suceder a Odin (Anthony Hopkins), mas é demasiado arrogante, demonstrando não estar preparado para o desafio quando reacende uma guerra ancestral. Como consequência disso, Odin expulsa-o do reino de Asgard, e Loki (Tom Hiddleston), o irmão de Thor, começa a conspirar para suceder no trono.

Kenneth Branagh tem uma familiaridade com o lado primitivo e a dimensão moral deste conflito, o que o leva a fazer um esforço para defender a narrativa num épico com acção ruidosa e furiosa. Mas a sua mais valia decorre do distanciamento e leveza que sempre colocou na revisão de peças clássicas.

Isso permite-lhe abordar com ironia calculada esta saga de um Deus que é condenado a um degrego na Terra, onde é protegido por uma astrofisica (Natalie Portman) que perscruta o firmamento das estrelas. Branagh acrescenta um toque de humor que torna mais plausível esta existência absurda entre o espaço celestial e um lugarejo terreno no estado norte-americano do Novo México.

O filme inaugura uma saga que será protagonizada por dois jovens actores que ganham projecção: o australiano Chris Hemsworth, 27 anos, que assume muito bem a personalidade de Thor, e o britânico Tom Hiddleston, que revela ser um vilão competente.

É curioso que ambos sobressaem perante as presenças apagadas dos experientes Anthony Hopkins e Natalie Portman. Isso dá garantias ao desenvolvimento das sequelas previstas e ao prolongamento da vida destes heróis no filme "Os Vingadores".

"Thor" não é um super-herói da grandeza de Batman ou Super-Homem, mas a sua passagem para cinema foi relativamente conseguida através de um filme que consegue valorizar o conflito definidor da natureza da sua personagem principal, sem a levar completamente a sério.

Crítica de Tiago Alves actualizado às 23:13 - 30 abril '11
publicado 23:00 - 30 abril '11

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