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Uma longa estrada no fim do mundo
Um conto apocaliptico que não alcança a dimensão singular do drama humano.


Locais que exibem o abandono da actividade humana
são o grande trunfo narrativo do filme "A Estrada"
"A Estrada" surge rodeado de enormes expectativas devido a duas razões distintas: a rodagem foi algo singular e demorada (ler mais aqui) e o filme adaptou o romance mais popular e premiado com o Pulitzer do escritor Cormac McCarthy, o autor de "Este País Não é Para Velhos".
A visualização de um mundo hostil e destruído por um apocalipse é particularmente eficaz graças à escolha cirúrgica de lugares existentes nos Estados Unidos com marcas de destruição - há sequências rodadas em Nova Orleães antes da operação de limpeza e reconstituição - ou de paisagens que exibem abandono de actividades humanas.
Nesse sentido estamos perante um filme com uma produção cuidada e que investiu imenso numa visão realista.
Só que além deste retrato de um mundo pós-apocalíptico há uma história de ligação profunda entre um pai e um filho, derradeiros sobreviventes que são interpretados num exercício de permanente confronto e solidão por Viggo Mortensen e pelo jovem Kodi Smith-McPhee. Aliás. Mortensen valoriza essa relação considerando que se trata uma história de amor, e o realizador Jonh Hillcoat assumiu que foi mais tocado pelo romance de McCarthy devido ao facto de o ter lido quando o fllho tinha 8 anos.
Mas esse drama de resistência em território hostil nunca ganha intensidade em relação à envolvente. "A Estrada" é um filme que marca em função da paisagem mas não traduz a dimensão de uma tragédia humana tão singular.
Locais que exibem o abandono da actividade humana
são o grande trunfo narrativo do filme "A Estrada"
por Tiago Alves
publicado 20:16 - 09 janeiro '10