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Veneza, dia 7: o exorcismo de la Iglésia
Espanha marca presença na competição com uma tragédia grotesca habitada por personagens do circo
A herança violenta da guerra civil espanhola e da ditadura franquista motiva as personagens principais de "Balada Triste", o novo filme do espanhol Alex de la Iglésia.
É um objecto estranho na competição de Veneza. Iglésia acentua o lado mais horroroso das personagens que habitam o circo, para contar a história de amor negro entre dois palhaços e uma trapezista.
A rivalidade e o ciúme despertam o carácter violento dos dois homens, traumatizados por eventos ocorridos durante a ditadura - o filme pretende funcionar como uma espécie de exorcismo desse mal histórico.
Trata-se da produção espanhola mais ambiciosa deste ano, capaz de competir com filmes de grande orçamento realizados em Hollywood. Iglésia surge com um filme épico e histórico, ajustado à função que desempenha na presidência da Academia Espanhola de Cinema, mas mantendo os traços mais horrosos da sua obra.
No fundo "Balada Triste" é um circo, onde ninguém se pode aborrecer, com as suas personagens freaks e alguns números dementes que podem incomodar determinados espectadores.
O Festival não recebeu o filme com entusiasmo mas Quentin Tarantino, presidente do júri, pôde apreciar a violência gore de "Balada Triste".
>Ouça a crítica de Tiago Alves
por Tiago Alves
publicado 16:22 - 08 setembro '10