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Veneza, dia 8: Itália, Maio de 68
Um filme evocativo dos anos revolucionários incendiou os bastidores do festival - a imprensa italiana nao perdoa a falta de relevância política.
O sonho de um mundo melhor, de uma sociedade mais justa, e a repressão policial do impulso juvenil. Eis o que está em cena no drama histórico "IL Grande Sogno" de Michele Placido, exibido em competição.
É um filme focado em três jovens que protagonizam um triângulo amoroso iniciatico. Um estudante operário, um activista com pretensões políticas e uma rapariga burguesa com educação cristã que entra em conflito com a família (um papel intepretado pela auspiciosa Jasmine Trinca, uma actriz cada vez mais consistente e que sobressaiu em "O Quarto do Filho" e "O Caimão", de Nanni Moreti).
O realizador Michelle Placido, 63 anos, assume a dimensão pessoal desta história e sustenta que quis captar a fantasia própria dessa idade. O filme tem energia narrativa e visual, é uma ficção interessante sobre o Maio de 68 italiano.
É justo considerá-lo o mais consistente dos três filmes italianos já exibidos em competição. Apesar disso provocou divisões sérias nos bastidores do festival, uma vez que parte da imprensa italiana entende mal que esta crónica sobre a revolução estudantil não tenha um ponto de vista político marcante. E foi lembrando que o filme é produzido pela Medusa, uma companhia de Silvio Berlusconi.
A estreia veneziana ficou marcada por protestos e declarações públicas exaltadas. Algo que não teria acontecido se Michele Placido tivesse concluído o filme a tempo de o apresentar em Cannes, no passado mês de Maio, como era sua intenção e do festival francês...
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