Política

Putin acusa Kiev de tentar aterrorizar civis com ataques contra Moscovo

O Presidente russo, Vladimir Putin, acusou hoje a Ucrânia de terrorismo e de tentar aterrorizar a população russa, após um ataque sem precedentes com ‘drones’ (aparelhos aéreos não tripulados) contra a região de Moscovo.

Putin acusa Kiev de tentar aterrorizar civis com ataques contra Moscovo

© Lusa

“Este foi um ataque a alvos civis em Moscovo”, disse Putin à televisão estatal, citado pela agência espanhola EFE.

Putin disse que o ataque foi uma resposta aos bombardeamentos russos contra alvos militares na Ucrânia.

Revelou também que o quartel-general dos serviços secretos militares ucranianos “foi atacado há dois ou três dias”.

“Em resposta, o regime de Kiev escolheu outro caminho, o das tentativas de intimidar a Rússia, intimidar cidadãos russos e atacar edifícios residenciais. Este é, obviamente, um sinal claro de atividade terrorista”, afirmou.

Putin disse que as ações de Kiev se destinam a provocar uma “resposta simétrica” contra alvos civis no país vizinho.

“É evidente que é isso que eles procuram: provocar-nos com ações simétricas. Veremos o que vamos fazer”, afirmou o líder russo.

A Rússia acusou Kiev de ter lançado hoje de madrugada ‘drones’ contra Moscovo, a mais de 500 quilómetros da Ucrânia, causando dois feridos ligeiros e pequenos danos em edifícios.

O ataque apanhou de surpresa os residentes em Moscovo, para quem o conflito parecia distante.

“Pensava que era tudo muito longe, que não nos dizia respeito. E depois, de repente, aconteceu perto de casa”, disse à agência francesa AFP Tatiana Kalinina, uma reformada que vive numa zona atingida pelo ataque.

O Ministério da Defesa russo disse que oito dispositivos estiveram envolvidos no ataque, dos quais cinco foram abatidos pela defesa antiaérea e três foram neutralizados por meios eletrónicos, segundo a agência oficial TASS.

A Ucrânia negou ter qualquer “ligação direta” com os ataques contra a região da capital russa.

A ação de hoje contra Moscovo ocorreu dois dias depois de duas pessoas terem sido mortas em Kiev por um novo ataque da Rússia, que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.

Putin disse ainda à televisão estatal que a defesa antiaérea russa “funcionou como devia, de forma satisfatória”, embora tenha ressalvado que “há margem para melhorias”.

Moscovo é uma “enorme megalópole europeia” e será necessário reforçar a defesa antiaérea da cidade, que alberga cerca de 13 milhões de pessoas, acrescentou.

Em 02 de maio, o Kremlin (sede da presidência russa) foi atingido por dois ‘drones’ que danificaram a cúpula do Palácio do Senado, onde está localizado o gabinete de Putin.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo afirmou, em comunicado, que “o apoio do Ocidente ao regime de Kiev está a levar os dirigentes ucranianos a cometerem atos criminosos cada vez mais irresponsáveis”.

Embora espetacular, o ataque a Moscovo foi modesto quando comparado com as vagas de mísseis e ‘drones’ russos de que Kiev tem sido alvo há vários dias.

A invasão russa da Ucrânia desencadeou um conflito armado com um balanço de vítimas ainda por fazer e mergulhou a Europa na pior crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Lusa