Com Trump alheio ao clima, Macron e Merkel reclamam ação

por Carlos Santos Neves - RTP
“As alterações climáticas são de longe a luta mais significativa do nosso tempo”, clamou a chanceler alemã em Bona Wolfgang Rattay - Reuters

O Presidente francês e a chanceler alemã procuraram esta quarta-feira tomar em mãos, quase em uníssono, os trabalhos da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, a decorrer em Bona. Os delegados presentes nesta cidade alemã ouviram de Angela Merkel um apelo à ação perante “a luta mais significativa do nosso tempo”. Emmanuel Macron exortou a Europa a cobrir as lacunas de financiamento abertas pela atual Administração norte-americana.

O 45.º Presidente dos Estados Unidos colocou a superpotência em rota de afastamento do Acordo de Paris, subscrito em 2015 pela anterior Administração democrata de Barack Obama. O eixo franco-alemão tenta agora salvar os termos do entendimento.

“As alterações climáticas são de longe a luta mais significativa do nosso tempo”, clamou a chanceler alemã em Bona, onde se realiza até à próxima sexta-feira a COP23 – Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.O Acordo de Paris visa pôr cobro, no corrente século, à era dos combustíveis fósseis.


Angela Merkel - ela própria a braços com dificuldades para cumprir as metas energéticas alemãs - quis sublinhar que o Acordo de Paris deve ser encarado apenas como um passo importante na tentativa de fazer descer a temperatura do planeta, impondo-se um endurecimento das metas ali inscritas. Uma mensagem secundada pelo Presidente francês.

Com um discurso a incidir sobre a componente financeira do projeto desenhado em Paris, Emmanuel Macron comprometeu-se com um esforço de compensação do corte de verbas norte-americanas destinadas à investigação científica por parte do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) – organismo da ONU.

“Posso garantir que, a começar em 2018, o IPCC terá o dinheiro de que precisa para continuar a tomar decisões. Não lhes vai faltar um único euro”, assegurou o Chefe de Estado.

O Painel Intergovernamental, insistiu o Presidente francês, “está ameaçado porque os Estados Unidos deixaram de o financiar”.

“Gostaria que um bom número de países europeus fizesse o mesmo e compensasse o que os Estados Unidos deixaram de dar, para que o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas tenha o financiamento de que necessita para continuar a trabalhar em 2018”, exortou.
“Aumentar a nossa ambição”

Na abertura da fase de alto nível da COP23, em que a palavra cabe aos líderes, o secretário-geral das Nações Unidas fez também um apelo a maior ambição e liderança e parcerias acrescidas perante os efeitos do aquecimento global.

Rosário Salgueiro, Rodrigo Lobo - RTP

“O nosso dever, uns para com os outros e para as gerações futuras, é aumentar a nossa ambição”, sustentou António Guterres.

“Precisamos de fazer mais nestas cinco áreas de ação: emissões, adaptação, finanças, parcerias e liderança”, continuou o antigo primeiro-ministro português, para acrescentar, tal como Angela Merkel, que este é um “desafio que define” uma época.

Guterres recordou que a comunidade internacional dispõe de apenas cinco anos para pôr em marcha medidas que conduzam à contenção da subida dos termómetros na fasquia de 1,5 graus Celsius.

c/ agências internacionais
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